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And now... Deep Thoughts

Gosto muito de ler os textos do antropólogo Hermano Vianna. E por um motivo bem básico: pelo jeito com que ele me apresenta uma realidade próxima (ok, às vezes nem tão próxima assim) geograficamente, mas solenemente ignorada pelo meio em que vivo e com o qual me relaciono.

Num texto publicado na revista Sexta-Feira, em 2006, o Hermano analisa as gigantescas cenas musicais de várias partes do Brasil, propondo uma bela reflexão. O arquivo pode ser baixado aqui e a leitura vale a pena.

Praqueles que têm preguiça de ler tudo, destaco um ótimo trecho que ilustra uma realidade bem curiosa, envolvendo as aparelhagens (equipes de som que tocam nas festas paraenses) e os DJs de classe média:

"Vi, há quinze anos, as aparelhagens ainda tocando discos de vinil. Os DJs passaram usar CDs, depois MDs e agora só trabalham com MP3s, mixando os sucessos do tecnobrega com o auxílio de mouses e teclados, controlando tudo a partir da tela plana de seus computadores. Eles têm o mesmo fascínio diante da última tecnologia que o público. Nesse sentido são completamente diferentes de DJs de música eletrônica da classe média brasileira que se organizam em movimentos pró-vinil, tentando manter a tradição analógica da discotecagem. O pessoal das aparelhagens não vacila na hora de jogar fora os equipamentos antigos. Querem ser reconhecidos como os pioneiros, os primeiros a adotar as novidades."

É aquela coisa: só quem tem acesso a tudo com facilidade pode se dar ao "luxo" de declinar de uma tecnologia que facilita a produção musical em nome de um "purismo" que só os vinis podem trazer. Adoro vinil e não pretendo me desfazer de nenhum, mas é fato que o culto a ele só existe por parte da classe média. Só quem posa de moderno e usa roupa de brecho idolatra o bolachão. O povo quer mais é fazer música com o máximo de tecnologia possível, pra facilitar a produção e a divulgação do trabalho. Nada mais lógico, certo?

É, talvez não. Pelo menos não pra quem faz parte de grupos de formadores de opinião. Até porque não dá pra abrir mão do "charme", né? É aquela coisa: iPod em casa e vinil na noite.

IT'S COOL TO BE COOL.

Comments (7)

dante:

melhor texto deste blog desde sua criação.

agora pode fechar. lçssdfçl

marcel:

foda... nao teria escutado uma pá de coisas se não fosse pelo mp3.

melhor texto mesmo. ;D

muzell:

Baita resumo, ipod de dia, vinil na noite. disse tudo

RAÇA NEGRA.

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