Jesus Loiro
Confesso: sou devoto de Steven Adler. Ele eh meu pastor das baquetas e nada me faltara, pois sei que toda vez que lembrar que vi esse monstro sagrado tocar ROCKET QUEEN ao vivo, minha vida se enchera de luz e eu subirei ao paraiso das musicas que mudam uma existencia.
A noite de ontem em Sydney me fez querer largar o violao e a guitarra e comprar um bumbo e uns pratos. Que instrumento poderoso. Steven Adler entrou no palco muito aplaudido e nao falou uma palavra. Sentou no banquinho e esperou o responsavel pelo som apertar o play. Aos primeiros acordes de Welcome To The Jungle, ele iniciou a destruicao sonora sobre a face da Terra.
O som da bateria era alto e cristalino e ele se mexia compulsivamente, levantando a perna esquerda do chao enquanto esmurrava o kit sem misericordia. Eu nao conseguia entender como tinha perdido tempo em workshops de guitarra se toda a verdade universal estava sendo revelada ali, nos pes e maos do messias do rock. Assim que a musica acabou, ele se levantou e foi ovacionado pelos fieis.
CASTIGA ESSAS PELE.
Depois de agradecer varias vezes pela presenca de todos, comecaram as perguntas. Algumas foram interessantes, como o relato do primeiro encontro dele com Slash. Ele disse que tinha onze anos e estava andando de skate. De repente levou um tombo e Slash foi a unica pessoa que parou para perguntar se ele estava bem.
O unico ponto fraco da noite foram as pessoas que ao inves de usar a oportunidade para fazer perguntas ficavam pedindo as baquetas dele. Eh compreensivel o comportamento de fa, mas isso fez com o que o tempo para questionamentos ficasse bem menor. Mas a musica estava acima de tudo e quando ele comecou a tocar Sweet Child O' Mine, tudo virou belo novamente.
A sequencia reservava o momento mais sublime da historia da Humanidade: a execucao de Rocket Queen, com seus seis minutos e doze segundos irretocaveis. Maior bateria ja gravada na historia da musica, tenho certeza absoluta. Quando chegam os tres minutos e trinta segundos de execucao, o ceu se abre e a graca divina domina tudo ao redor.
QUE CABELO
Sei que, assim como eu, todos ali atingiram o extase supremo vendo Steven humilhar o cosmos com a mudanca de ritmo que carrega o sinonimo de PERFEICAO no dicionario. Nao seria nada decepcionante se a noite tivesse acabado ali, mas ele ainda aproveitou para tocar Nightrain, motivado pela pergunta que alguem fez sobre o nome do vinho que da nome a musica. A quem interessar possa, ele ainda eh vendido hoje em dia.
Quando tudo parecia se encaminhar para o apocaliptico final, ele ainda atacou de Mr. Brownstone, dessa vez sem a base de fundo. Exatamente, foi apenas Steven Adler acompanhado das centenas de vozes cantando A CAPELLA. Nada poderia ser mais redentor do que isso.
Na fila para os autografos, eu suava e tremia sem parar. Quase na minha hora de falar com ele, a bateria da maquina acabou e tive que trocar rapidamente. Quando chegou a minha vez, nao tive de tempo de olhar o estande com camisetas e cds, pois la estava Steven Adler, sorrindo para mim.
HISTORY IN THE MAKING
Assim que apertamos as maos, ele olhou para a camiseta do Slash que o Vicente me deu e disse que queria uma. DUAS, na verade. Disse que eu ia mandar (e agora?) e depois tirei a foto que sera herdada pelos meus filhos, netos, bisnetos e assim por diante, para toda a eternidade.
Sera com lagrimas nos olhos que direi a eles que aquele homem loiro de cabelos volumosos foi baterista da banda mais importante de historia e com ela gravou aquele que para sempre sera lembrado como o MAIOR DISCO DE ROCK DE TODOS OS TEMPOS, uma verdadeira biblia sagrada da boa musica. E essas palavras ecoarao por todo o espaco, permanecendo vivas ate que mais nada nem ninguem habite esse mundo.
Que assim seja.
(as outras fotos podem ser vistas aqui)