por Marcelo Firpo

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Roadshow

Foi uma semana de definições, que ficarão claras em algum post futuro.

Agora é beber uma cerveja com os parceria pra dormir melhor na viagem, chegar de manhãzinha em Porto Alegre, reencontrar o Santiago já acordado, me maravilhar com o momento exato em que ele me reconhece e me abraça, sair pra dar uma volta pelo Parcão com o carrinho à caça de orelhões e procurar não pensar em todas as outras coisas que precisam se definir, mas que só vão se definir sozinhas, porque é da natureza delas se definir sozinhas, sozinhas e quando for a hora, e nem um segundo antes.

Até segunda, espero.

29/04/2005 18:29 | Comentários (2) | TrackBack (0)


FEP eterna

Reportagem no jornal Hoje sobre comportamento, adolescentes etc.

Um hebiatra se declara chocado com a sexualidade precoce dos jovens e eu me dou conta que jamais vi um hebiatra dar uma resposta diferente a este tipo de pergunta.

Sinto uma vontade súbita de me inscrever no vestibular, fazer faculdade de Medicina, me especializar em Hebiatria, virar uma autoridade no assunto e ter a chance de responder à mesma pergunta:

-Olha, pra falar a verdade tô até achando essa gurizada meio devagar, sabe?

29/04/2005 13:43 | Comentários (1) | TrackBack (0)


FEPs

Consegui achar um bom restaurante. Na verdade, reencontrei-o, costumava almoçar ali em 98. Além de ser vegetariano, está sempre meio vazio, e deve haver alguma conexão oculta entre estes dois dados, mas para a minha alma alquebrada é realmente o paraíso em forma de restaurante.

Pois bem. Todas as vezes que vou lá, tem esse cara, 45-50 anos, barbudo, cabeludo, cheio de buttons motociclísticos, jaqueta e botas de couro e um anel de caveira com capacete em cada dedo da mão. Um perfeito Hell´s Angel, sempre quieto, comendo seu pasto descansado.

Ontem, entretanto, ele sentou ao lado de um conhecido e ficou contando de uma viagem que fez até o Ushuaia, e só não foi a FEP perfeita porque ele não comentou nada sobre a sensação de liberdade e o vento nos cabelos.

FEP, Frase Esperada da Pessoa: a primeira vez que você ouve alguém dizer algo e essa coisa é exatamente aquela que o clichê daquela pessoa que você construiu na sua cabeça diria.

A primeira vez que tive consciência de uma FEP. eu tinha pouco mais de onze anos, meu pai estava lançando um livro em Cachoeira do Sul, na sede de um jornal local. O jornal esse se restringia ao noticiário comunitário: política paroquial, agricultura, a opinião do bispo etc etc etc. Quando mais criança, manuseando o tal jornal, que recebíamos em casa, sempre pensava: “Eles só falam da cidade porque são pequenos.” Então, naquele dia, entreouvindo uma conversa do dono do jornal, a primeira vez que ouvi o bom homem falar, ele me veio com “Sabe como é, não temos condições de brigar com os grandes jornais do Estado, por isso é que só tratamos do noticiário local.” Frase Esperada da Pessoa. Fiquei imaginando que ele sempre dizia isso pra todo mundo, ao entrar num elevador, ao atender o telefone, ao brigar no trânsito, meio corpo pra fora da janela do carro, dedo em riste: “Sabe como é, não temos condições de brigar com os grandes jornais do Estado, por isso é que só tratamos do noticiário local, seu filho da puta!”

Desde então, me tornei um colecionador obsessivo de F.E.P.s: a gorda no ônibus que confidencia pra amiga “Eu não dou bola pra esse negócio de dieta”, o síndico de edifício que passa esbravejando “Tinha que matar esses vagabundo tudo!”, o radical de esquerda que respira fundo e, como se fosse uma grande revelação, como se não estivesse escrito na sua testa, desabafa: “Eu me decepcionei muito com o Lula, sabe?”

29/04/2005 11:00 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Trilha sonora para cidades-fantasma

Manja Mazzy Star? Pois bem, antes de Mazzy Star existia essa bandinha, Opal, dez vezes melhor e formada pelo mesmo Dave Roback e pela sua musa de então, a Kendra Smith. Eles lançaram dois álbuns e um EP. Um deles se chama Happy Knightmare Baby e não é muito legal pro meu gosto, setentoso demais, mas Early Recordings é uma belezura, especialmente "Empty Box Blues", que é a canção que vai me assombrar até o final dos meus dias, com certeza.

No link lá de cima tem algumas musiquinhas pra ouvir, mas são todas do Happy Knightmare. Boas mesmo são a já citada "Empty Box", "My Only Friend", "Strange Desire" e "Harriet Brown".

A Kendra Smith lançou depois disso um belo EP, the Guild of Temporal Adventureers, se não me falha a memória, e mais um LP não tão bom. No EP, o grande destaque é pra uma versão de sei-lá-quem chamada "She Brings The Rain".

Bons tempos em que eu ainda levava o rock a sério.

28/04/2005 20:34 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Troglo

Obviamente, meu favicon não FAVICOU.

Tudo bem, um quadrado azul não deixa de ter o seu charme também.

28/04/2005 20:21 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Sapos que explodem, corvos comedores de fígado, claro

Segue o drama dos batráquios explosivos. A hipótese dos corvos é boa, mas nada no mundo seria capaz de superar a última frase.

28/04/2005 17:55 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Sobras

Neste momento a equipe toda ouve de joelhos um show em Torres da VH, garimpado no site do grande gênio da nossa geração.

Copiarei num CD.

Copiarei em vários.

Venderei na Rua da Praia com um sorriso beatífico no rosto quando ficar desempregado.

28/04/2005 16:06 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Aprendizado

Se errar, erre rápido.

28/04/2005 11:32 | Comentários (2) | TrackBack (0)


Urso de Corbiniano x Etíope Coroado

Tirando a parte da castidade, é o melhor emprego do mundo.

27/04/2005 16:50 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Ironia

Como sempre, o maldito já elaborou um discurso onde a maioria, ou pelo menos eu, ainda mal consegue articular um grunhido.

O que posso dizer é que, lendo esse texto, me lembrei muito daquele filme, "O Clube da Luta", que consegue cuspir e comer do mesmo prato simultaneamente ao longo de duas horas e tanto, sem dizer nada de relevante ao final. O Universo não vai acabar nem com uma explosão, nem com um gemido, mas com uma piadinha.

27/04/2005 14:36 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Ragnarok

Depois disso, o que mais?

27/04/2005 13:53 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Memes pegajosas

Um post do Bruno sobre bandas dos anos 90 me colocou frente a frente com uma das memes mais pegajosas da minha vida: kula shaker.

Por meme pegajosa eu quero dizer aquela palavra que você lê uma vez e aquilo se ENTRANHA na sua psique como bosta em tamanco. Não é excruciante, nem doloroso, nem incomoda muito, é até legal de vez em quando. Aos poucos, aquela palavrinha acaba ganhando um significado próprio, porém exclusivo para você, vindo a substituir, nos seus colóquios interiores, a palavra ou expressão original.

Exemplos:

fyodor dostoevsky proudly presents = que fedor
itsuki mitsuaki = ok, já passou
kula shaker = legal, isso
helen back = foi foda

Deve ter mais uns dez, mas só lembro desses agora, e tô realmente espremendo o melão. Essa é outra característica das memes pegajosas, elas são automáticas, só aparecem quando necessárias.

Quais são as de vocês?

Tipo, eu sei que todas as pessoas normais fazem isso, não?

Não?

Alguém?

Ninguém?

Cardoso?

26/04/2005 19:15 | Comentários (15) | TrackBack (0)


Or I'll haunt you

nharc26big.gif

Você está morrendo de câncer e deixa uma filha pequena. O que fazer? Um manual de instruções, ora.

26/04/2005 17:35 | Comentários (14) | TrackBack (0)


Manada de búfalos invade cidade nos EUA

A cada dia que passa o mundo fica mais parecido com um desenho do Pernalonga.

26/04/2005 15:25 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Branding

Eu morro baleado numa invasão de terras e não vejo tudo.

26/04/2005 10:49 | Comentários (2) | TrackBack (0)


Por Marcelo Firpo

Tentando mudar a foto ao lado.

Não conseguindo.

Não desanimando.

26/04/2005 10:20 | Comentários (7) | TrackBack (0)


No meio da tarde

"Firpo, o CRISTO está aqui na recepção pra falar contigo."

Por um instante pensei que minhas preces tinham sido atendidas, mas era um homônimo.

26/04/2005 09:16 | Comentários (9) | TrackBack (0)


Nadação

De acordo com recentes pesquisas, existem duas escolas de natação no centro de Florianópolis.

Uma fecha às seis e meia da tarde.

A outra é só para crianças.

26/04/2005 09:10 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Odeio gente que posta letras de música em blogs

Vos Sabes

Vos sabes
como te esperaba
cuanto te deseaba
no, si vos sabes
vos sabes
que a veces hay desencuentros
pero cuando hay un encuentro de dos almas trae luz
vos sabes
que cuando llegaste cambiaste el olor de mis mañanas
no, si vos sabes
vos sabes
del día que tu madre vino
y me dijo con ojos mojados que ibas a venir
cuando el doctor dijo: señor, lo felicito es un varón
cómo poder explicarte
cómo poder explicártelo
el amor de un padre a un hijo
no se puede comparar
es mucho más que todo
no, si vos sabes
vos sabes.
Los observo mientras tu madre te mece
y me hace sentir fuerte
mirarte crecer
la emoción que siento dentro
la comparto en este cantar
con los que miran al frente de noble corazón
cuando el doctor dijo: señor, lo felicito es un varón
como poder explicarte
cómo poder explicártelo
el amor de un padre a un hijo
no se puede comparar
es mucho más que todo
no si vos sabes.

Los Fabulosos Cadillacs (La Marcha del Golazo Solitario, 1999)

26/04/2005 08:50 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Maggie & Hopey

locas.gif

Se blog é literatura eu não sei, mas Locas certamente é.

Jaime Hernandez comanda. Aqui uma cronologia e aqui uma lista de personagens.

25/04/2005 19:32 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Foi-se

Sinceramente, não sei o quanto concordo com esta declaração, mas com certeza o mundo era bem mais divertido antes.

Esses dias mesmo li em algum lugar que a KGB foi a maior organização burocrática de todos os tempos. Não é lindo isso?

Sem falar na galáxia de palavras e siglas legais que caminha rumo ao esquecimento: Soviete Supremo, Stasi, União Soviética, CCCP, Securitate, Gulag, Politburo. O próprio nome Kremlin já não tem mais o vigor de antigamente.

Achei que precisava escrever isso.

25/04/2005 18:18 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Invertia, por uma cabeça de vantagem

Cauteloso, Parreira alerta que Guatemala não é "galinha morta"

Esta seria a melhor manchete do Terra neste minuto, não fosse a existência de Nova máquina abre 200 castanhas por minuto

25/04/2005 16:53 | Comentários (4) | TrackBack (0)


It will take the patience of angels

Fui me informar sobre aulas de natação num clube próximo e dei com a cara na porta: fechado das 12 às 14h.

É de se espantar que os RESTAURANTES abram ao meio-dia neste lugar.

25/04/2005 13:55 | Comentários (2) | TrackBack (0)


De volta ao desterro

Não consegui fazer tudo o que queria em Porto Alegre, mas fiz bastante, incluindo minha carteira de identidade (perdida por terceiros durante a mudança) e meu imposto de renda (de longe, a melhor peça de ficção que eu já escrevi).

No mais, tudo é incerteza. Como sempre.

25/04/2005 10:04 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Auto-reverse

Novas fitas para o carro: Jorge Ben circa 70, Fabulosos Cadillacs, Dom Um Romão e Orquestra de Frevo Spok.

24/04/2005 10:08 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Disarm me with a smile

Santiago adora brincar com a caixa dos Pumpkins.

22/04/2005 20:16 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Querência

Decidi que vou deixar meu carro em Porto Alegre. Mesmo pagando uma vaga de garagem, a economia em táxi compensa.

Além disso, fiz uma assinatura de Internet banda larga aqui pra casa.

Sim, cada vez mais em Porto Alegre.

FAMILY MAN, that´s me.

22/04/2005 20:13 | Comentários (0) | TrackBack (0)


De carro em Porto Alegre

Que legal dirigir numa cidade em que os semáforos não demoram QUINZE MINUTOS pra abrir.

21/04/2005 19:36 | Comentários (11) | TrackBack (0)


HTV 2, I presume

shang_chi2.jpg

Não lembrava que o Jim Starlin tinha desenhado as primeiras histórias do Mestre do Kung Fu.

Melhor diagramador.

20/04/2005 17:50 | Comentários (7) | TrackBack (0)


Strange Tales

Em toda esta história, uma coisa tem que ficar clara: Warlock x Magus foi a melhor saga em quadrinhos jamais criada.

Sim, melhor que Watchmen, V de Vingança, Sandman e quetais.

Me sinto mais aliviado agora.

20/04/2005 17:29 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Caim

Vi num telejornal que o ERMÃO do Papatzinger declarou que não estava muito feliz com a escolha. E-R-M-Ã-O.

Por outro lado, saber que ele é um bom pianista me deu um certo alento.

20/04/2005 17:10 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Cardeal amanhece com a boca cheia de formiga

'Hubo un momento en que toda la Capilla se llenó de humo'

Inconfidências marotinhas sobre o conclave.

20/04/2005 11:38 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Believe in the resolute urgency of now

Em verdade, em verdade eu vos digo, estes são tempos de provação.

E de momento é tudo o que posso dizer.

20/04/2005 10:41 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Gloria Olivae

E o véinho Malaquias não erra uma, mesmo.

Ainda segundo o weblog do nominimo, a Ordem fundada por São Bento tem por símbolo a oliveira, vejam só.

19/04/2005 17:20 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Darthsinger

Assim, mesmo saído do mesmo ambiente heideggeriano que influenciou de Hannah Arendt aos existencialistas franceses, Ratzinger virou para o outro lado, voltou-se para um conservadorismo profundo – talvez mais conservador que o de Karol Wojtila.

As semelhanças com a trajetória do pai do Luke Skywalker são realmente fascinantes.

19/04/2005 17:15 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Conforme

Meu pai acaba de ligar contando que a primeira medida do Papa Bento XVI foi mandar colocar calças compridas em todas as imagens de Cristo crucificado do Vaticano.

19/04/2005 16:22 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Cronos acorrentado

thanos.gif

Não sei porque, mas a primeira coisa que me veio à cabeça quando vi a foto do Bento XVII na janela foi aquela história do Capitão Marvel em que o Thanos finalmente se apodera do temível cubo cósmico (Heróis da TV 13, se não me falha a memória).

19/04/2005 15:45 | Comentários (10) | TrackBack (0)


"Bento XVI condena ´frouxidão´ da Opus Dei"

Por outro lado, o estoque de declarações interessantes está garantido pelos próximos anos.

19/04/2005 15:08 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Papa Darth Vader

A primeira vez que ouvi o nome Ratzinger foi há muito tempo, eu ainda morava com os meus pais e provavelmente nem trabalhava ainda. Meu pai me acordava e, enquanto ele se arrumava pra ir trabalhar, ficávamos ouvindo o Correspondente Renner na Rádio Guaíba. De vez em quando aparecia uma notícia citando o cardeal, sempre como o guardião da ortodoxia, punindo um teólogo ou afirmando, dessa me lembro bem, que o diabo realmente existia.

Aos poucos, meu pai e eu fomos construindo um personagem, o cardeal Ratzinger, cujas características principais eram um conservadorismo exacerbado e uma truculência medieval. Sempre que um padre brasileiro inventava alguma bobagem modernizante, tipo cantar "Parabéns a Você" pra Jesus na missa, dizíamos um para o outro, imitando a dicção do correspondente Renner: "Ao saber da novidade, o papa João Paulo II ameaçou soltar o cardeal Ratzinger da coleira."

Também brincávamos que ele estava envolvido em conspirações para matar o Papa ("Encontrado um dicionário turco-alemão/alemão-turco nos aposentos de Ratzinger") e também líderes de outras religiões ("O cardeal Ratzinger foi visto nas imediações portando o que testemunhas afirmam ser uma bazuca.")

Pois bem, o velhinho de olhar nada doce e posições risivelmente antiquadas tornou-se Bento XVI, o novo Papa, e de repente a piada perdeu a graça. Me sinto num daqueles filmes tipo "A Profecia", em que apenas poucas pessoas sabem a verdade por trás de determinado personagem, e assistem impotentes à sua ascensão.

O sermão antes do conclave começar já tinha sido praticamente um discurso de Papa eleito, condenando o relativismo moral e sustentando que a Igreja deveria manter-se fiel aos seus princípios, anacrônicos ou não.

Quando falar com meu pai de novo, vamos trocar boas histórias, do tipo "Foto inédita mostra o cardeal Ratzinger pisando no pescoço do Camerlengo." ou "Após o conclave, cardeal Tettamanzi é encontrado amordaçado na despensa."

19/04/2005 14:19 | Comentários (25) | TrackBack (0)


Lá se foi o meu budismo

Ok, só mais uma, que hoje tô meio azedo: tem essa telentrega de comida, ok? Volta e meia ligo pra lá e peço um lanchinho, um caldo de cana, um açaí, um salmão cru. Pois bem: a pessoa que atende SEMPRE pergunta se vou precisar de troco.

O problema é que ela sempre pergunta ANTES de me dizer o valor do pedido.

19/04/2005 11:34 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Ilha da Magia

Hoje chegamos à conclusão de que é mais produtivo ligar duas vezes para o serviço de quarto do hotel pedindo em cada uma delas apenas UMA coisa do que ligar apenas uma vez pedindo as duas coisas juntas, já que é certo que no segundo caso uma delas será esquecida.

É tudo uma questão de adaptação.

19/04/2005 09:08 | Comentários (5) | TrackBack (0)


O novo Daniel Dantas

Santiago desenvolveu uma estranha fascinação por ORELHÕES.

Passeando de carrinho pela rua, é só avistar um que ele já começa a fazer AAAAA, UUUUU, BAAAAAA, EEEEEE, feliz da vida, como se revisse um amigo de longa data. Pra sossegar, só deixando mexer nas teclinhas.

Post de pai, eu sei.

18/04/2005 14:13 | Comentários (12) | TrackBack (0)


Daqui onde estou já se enxerga o segundo cavaleiro do Apocalipse ou Adoro o cheiro de post pela manhã

Tomando café da manhã no hotel, o rádio do lugar sintonizado na Antena 1. Estou servindo meu quarto copo de suco de laranja quando começa um comercial na linha "...finalmente você vai poder ter em casa um CD com os maiores sucessos de Celine Dion...". Enquanto ouço este VERY pedaço de texto, percebo que por trás da locução está realmente tocando a musiquinha do Titanic, mas há alguma coisa muito errada, parece um disco de 45 tocando em 33. No exato átimo de segundo em que concluo que aquela não é a nossa Celine Dion cantando, a locução prossegue, implacável "...em versão CANTO GREGORIANO."

Que espécie de mente seria capaz de conceber uma coisa dessas?

Que espécie de mente seria capaz de CONSUMIR uma coisa dessas?

18/04/2005 09:33 | Comentários (8) | TrackBack (0)


Ok, chega, Firpo

gravida.jpg

A única poesia concreta que fiz até hoje.

Não, não pretendo fazer mais.

15/04/2005 18:51 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Mas é um microtalento, esse rapaz

O Marcelino escolheu um segundo microconto meu pro programa de rádio, que massa. É aquele do diagnóstico, doutor, grave, agudo, do post "Blimey", mais pra baixo.

Fiquei microorgulhoso.

15/04/2005 18:32 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Coleção Grandes Profetas

No fundo, queria que fosse escolhido um Papa velhinho, tipo o Ratzinger ou esse adunco que esqueci o nome, Mardini, Gordini, sei lá.

Isso porque, segundo São Malaquias, depois de JP2 virão apenas mais dois papas, o último deles Pedro II, e então o Apocalipse.

Queria estar vivo pra ver o Apocalipse, comprar a camiseta, tirar umas fotos.

15/04/2005 16:01 | Comentários (11) | TrackBack (0)


Nomes

Lista dos cardeais "inaceitáveis", segundo uma ONG de vítimas de abuso cometido por padres.

Eu achava o Maradiaga simpático. Acho que agora fico com o Tettamanzi, mesmo. Tem outro que eu não conhecia que me pareceu legal ontem, de 78 anos, bonita figura adunca, e também sofrendo de Mal de Parkinson, mas se esqueci o nome é porque não vai ganhar.

O Gorbachev eu acertei que ia ser escolhido DONO da União Soviética só pelo MIKHAIL.

15/04/2005 15:54 | Comentários (7) | TrackBack (0)


Vou sair correndo pelado por aí

Esse filme tá ficando cada vez mais interessante.

15/04/2005 14:17 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Insistindo no assunto

No restaurante em que almoçamos hoje, tinha uma fila de VINTE E DUAS ALMAS até o COMEÇO do buffet.

Contei três vezes, pra passar o tempo.

15/04/2005 13:53 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Quase o mesmo assunto

Recebi um e-mail com o assunto "ÚLTIMO LUGAR NO ÔNIBUS PRO SKOL BEATS".

Tomara que achem alguém.

15/04/2005 11:41 | Comentários (5) | TrackBack (0)


O almoço e suas vicissitudes

Almoçar em Florianópolis não é pra principiantes e, sinto dizer, eu sou um principiante. Não sei bem o que acontece, mas apesar do grande número de restaurantes, o nível de lotação tende sempre ao insuportável. Não é como Porto Alegre ou São Paulo, em que você pode até ter momentos de pique, com alguma dificuldade pra achar uma mesa ou uma pequena fila na hora de pagar, mas tudo acaba se resolvendo sem muito stress. Não. Aqui as filas pra ENTRAR nos restaurantes vão até as calçadas, e o interior é abarrotado de gente, todos desesperados, todos com pressa. Entrar numa fila de buffet é uma experiência excruciante, e o tempo só passa mais rápido porque você está entretido com a palpitante questão: onde porras eu vou sentar depois que encher este prato? Na saída, filas de 10, 15 pessoas são absolutamente normais. Não sei explicar o fenômeno. Talvez os lugares sejam menores, talvez seja tudo mais lento, talvez eles não dêem muita bola pra isso, talvez o fato de quase toda a população trabalhar no funcionalismo público e ter os mesmos horários explique alguma coisa, sei lá. Só sei que tenho sonhado com as filas de 3, 4 pessoas do caixa do Nutrivida.

15/04/2005 11:20 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Today is the greatest

Pego a estrada hoje à meia-noite e, se tudo correr bem sem capotar, estou na mui valerosa sábado de manhã.

Se alguém quiser marcar alguma coisa, escreve aí.

15/04/2005 08:52 | Comentários (10) | TrackBack (0)


C´est nous

Daniel Lemos, Young Creative RS 2005, a caminho de Cannes.

Não vai demorar muito e eu é que vou estar mostrando pasta pra esse guri.

Parabéns, suinolemos.

14/04/2005 16:53 | Comentários (7) | TrackBack (0)


Despite all my rage I´m still just a rat in the cage

Certa vez, viajando de trem de Barcelona pra Milão (uau, que PESSOA VIAJADA), conheci um PEDREIRO UCRANIANO. Ele sentou na poltrona do lado da minha, remexeu na sua valise surrada - foi aí que percebi que era um trabalhador braçal, pelo pretume das unhas - e puxou papo, numa mistura de português de Portugal com espanhol. Tinha o pior hálito do mundo, os dentes podres, mas uma história interessante: trabalhava regularmente como pedreiro no Porto e estava viajando de trem até alguma cidade italiana pra fazer um trabalho extra, melhor remunerado. Me mostrou o horrendo passaporte ucraniano, que, além de ser ROXO, tinha um efeito 3D fajuto de MADREPÉROLA. Contou que teve que deixar a Ucrânia porque não havia nenhum trabalho por lá, e que decidiu emigrar quando viu que a família corria o risco de passar fome.

Foi então, depois de uns 20 minutos de conversa, que eu me dei conta que ele tinha uma família, e que esta tinha ficado na Ucrânia. Até então, ouvindo histórias de idas e vindas, uma obra no Porto, uma reforma em Cascais, um muro em Sintra, jurava que o cara, de seus 40 anos, mas bem sovado pela vida, era sozinho. Perguntei pela família, e ele me disse que tinha mulher e dois filhos, com idades de 5 e 7 anos, se não me falha a memória.

Fazia quase um ano que ele não via a família.

Se tudo desse certo, imaginava revê-los por algumas semanas dentro de uns 5 meses. Fora isso, trocavam telefonemas toda a semana, mas por pouco tempo, porque era caro falar demais.

Paramos numa estação, conversamos mais um pouco, ele comeu um sanduíche que trazia enrolado em papel alumínio, ajudei-o a se entender com o pessoal da estação e me despedi, sentindo uma tristeza absurda pela vida de bosta que aquele sujeito levava.

Lembro de ter pensado na hora: "Espero nunca ter que passar por uma situação dessas."

Amanhã embarco pra Porto Alegre, pelo fim-de-semana, pra rever meus ucranianos.

14/04/2005 13:48 | Comentários (9) | TrackBack (0)


Eu morro de bala perdida e não vejo tudo

Finalmente o debate sobre o desarmamento atingiu a maturidade.

13/04/2005 14:40 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Melhor notícia do dia


http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI509708-EI238,00.html

13/04/2005 09:25 | Comentários (0) | TrackBack (0)


File under "Coisinhas"

Só pra fins de arquivamento (grande bosta, blogs também se perdem no limbo, especialmente se eu não depositar algum na conta do Insanus logo), aqui vai o microconto que foi microescolhido pelo macroMarcelino Freire:

Pescaria

Tua ausência dói como um anzol.

13/04/2005 09:12 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Pastelaria

Danone seleciona trainees para 20 vagas

Síria deve completar retirada do Líbano em 10 dias

Ao ler estas duas manchetes da Agência Estado, uma abaixo da outra, as duas com o mesmo destaque e a mesma quantidade de texto, quase iguais até no enunciado, lembrei subitamente daquela frase, Mencken, se não me engano, que diz que "o jornalismo é incapaz de diferenciar uma queda de bicicleta do colapso da civilização."

12/04/2005 14:28 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Arrependei-vos, infiéis

De onde eu estou, já enxergo pelo menos um dos quatro cavaleiros do Apocalipse.

12/04/2005 13:45 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Body count

Um pedaço da geladeira faltando
Um puxador de forno quebrado
Um roupeiro quebrado
Uma máquina de lavar arranhada
Vários copos quebrados
Um telefone desaparecido

Nada como uma boa mudança pra gente desapegar das coisas.

12/04/2005 11:55 | Comentários (4) | TrackBack (0)


1984

Photoshop, o melhor amigo do marketing político.

Faça você também o seu e mande pra .

12/04/2005 09:18 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Arteplex sed lex

"Clã das Adagas Voadoras", bonitinho, mas pior que "Herói", por ingênuo e dramalhático. Acho que tomei um fartão do gênero.

A atriz principal do "Clã" e coadjuvante do "Herói" é especialista em sofrer: nunca vi uma pessoa ser tão vilipendiada, esbofeteada, desprezada, ridicularizada, torturada, espancada e apunhalada.

Pelo menos não no cinema.

11/04/2005 18:07 | Comentários (11) | TrackBack (0)


Portoalegrismo

Como é bom ter uma casa novamente.

O chato é ela ficar a 475km do trabalho.

11/04/2005 17:33 | Comentários (3) | TrackBack (0)


4 anos

Achei a criança, graças ao Alexandre Inagaki, que trouxe pela mão e a quem eu agradeço. É um continho escrito numa sentada, com zero de autocrítica, ali por 2001, 2002. Me lembrei dele ao ler o "Por Que a Criança Cozinha na Polenta", que tem alguns pontos de contato. Vou colocar aqui pra não perder mais.


4 anos

Aí o pai convidou eu pra ir no Cinema e eu quis ir no Cinema e a gente saiu e a mãe ficou gritando, acho que era pra botar casaco. Aí a gente desceu a escada e o pai caiu e eu ajudei ele e a gente foi de a pé porque era pertinho. Aí eu achei que a gente ia no Cinema, que eu vi o Tom e Jerry, mas não era o Cinema, era o Capitólio e o pai riu e disse que era a mesma coisa. Aí o pai disse que o Capitólio ficava nos Estados Unidos e eu vi que eu morava nos Estados Unidos porque tinha o Capitólio e não em Roma porque tinha igreja grande com sino. Aí o pai brigou com o moço da porta do Capitólio que não queria deixar eu entrar porque eu era pequeno, mas aí o pai disse que eu era filho dele e o moço baixou a cabeça e fez tsk-tsk e quando ele baixou a cabeça a gente entrou. Aí a gente sentou lá na frente e o pai pegou a garrafa e bebeu no bico, se a mãe pega ele dá umas palmadas na hora. Aí começou o filme e eu gostei, menos da parte que as pessoas viram caveiras. O pai foi no banheiro do Capitólio mais que quatro vezes e eu nem fiquei com medo que eu já sou grande e eu contava o filme pra ele quando ele voltava com cheiro ruim que nem daquela vez que eu comi maionese estragada na casa da Tia Lucinda. Aí os homens jogaram uma bomba nas caveiras e o homem beijou a mulher e terminou o filme e eu quis fazer cocô e o pai ficou esperando e deixou cair a garrafa no chão, sorte que tava vazia. Aí o pai quis ir no bar e eu disse "Ah, não!" igualzinho que nem a mãe faz e ele achou gozado que eu fiz igualzinho. Aí eu comi batata-frita e o pai comeu uísque. Aí o pai começou a cantar no meio do bar que nem nos filmes do Jerry Lewis, só que não tinha música e as pessoas não paravam de falar. Aí veio um gordo e começou a gritar com o pai e eu puxei a mão do pai pedindo pra ir fazer cocô mas eu nem queria. Aí o pai nem viu que eu tava falando e ficou brigando com o gordo e o prato das batatas caiu no chão mas eu não peguei porque não é pra pegar comida no chão e aí deu um estouro que nem quando o Inter fez gol e eu acho que o Inter fez gol de verdade porque todo mundo saiu correndo do bar e ficou eu e o pai, só que o pai tava dormindo de sapato e dormir de sapato a mãe já disse que não pode.

Marcelo Firpo

11/04/2005 14:18 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Curry

Salvo hecatombes e capotamentos de ônibus, estarei com a família no Ocidente sábado ao meio-dia, comendo aquele PASTO BEM PEGADO.

Quem quiser aparece lá.

08/04/2005 16:46 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Redemption song

Cada época tem o Bob Marley que merece.

Se bem que o piloto da série não era exatamente um santo, também.

08/04/2005 11:15 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Galo

Uma enorme multidão de pessoas vestidas como padres, guardas, militares, bispos ortodoxos, árabes, africanos e rabinos, todos atravessando uma ponte sobre um rio.

Era o enterro do Papa, mas se botasse um frevo virava o carnaval do Recife.

08/04/2005 08:54 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Ok. Garçom...

Tênue é a linha que separa a paciência da bundamolice, mas ela existe e não deve ser ultrapassada.

07/04/2005 16:03 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Papiamento

Perderam a minha carteira de identidade, fui na 1a DP fazer um boletim. Se tivesse uma desculpa boa o bastante, ficava o dia inteiro sentado lá, só ouvindo as histórias dos outros.

Desta vez, entretanto, só consegui entender uns 20% do que era falado.

07/04/2005 14:20 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Direto do sótão

Perdi quase todos os meus textos, porque a página em que coloquei eles se reuniu ao grande vazio. Um que outro se salvou.

Este que segue é um continho, escrito ali por 2001. Léa foi a amiga que me incentivou a terminá-lo.


VALE TUDO

Marcelo Firpo

Para Léa


Sou o mais corajoso de uma longa dinastia de lutadores. O registro mais antigo que temos da relação da nossa família com as lutas é dos anos 20.

Tínhamos um tio-tataravô que lutava boxe, mas como não batia muito bem da cabeça, foi expulso da liga por insistir em chutar seus oponentes quando já estavam caídos. Só que esse é mais um dado folclórico, que contamos para as crianças nos jantares de Natal para distraí-las um pouco.

Penso nele enquanto faço meus alongamentos preliminares.

A nossa dinastia começou mesmo com o meu bisavô, Terêncio Santiago, que começou no judô e depois foi se especializando em diferentes formas de combate. Ele ainda não praticava o que a nossa família chama de A Luta, mas o seu ímpeto é que inspirou o meu avô, Romão Santiago, a criá-la.

A Luta é o resultado da paixão de uma vida inteira. Um sistema de lutas maior que a soma de todas as artes marciais do planeta, a mais efetiva forma de combate e também a mais fluida e livre, sempre se aperfeiçoando, sem dogmas ou restrições de nenhum tipo. Frente a ela, todas as outras parecem jogos infantis. Não que não as respeitemos. O fato é que nós somos inegavelmente melhores.

Alongo cuidadosamente o meu pescoço, para os lados, para trás, para a
frente, orelhas nos ombros.

Há mais de duas décadas confirmamos na prática esta afirmação,
colocando-nos à prova em competições de todos os tipos, com regras, sem regras e com regras ocultas da platéia. Não pode socar com a mão fechada? Não tem problema. Não pode socar? Não pode chutar? Nada de chaves? Tudo bem. A qualquer exigência nos adaptamos, sem reclamar, porque temos confiança em nossa arte e nas suas infinitas possibilidades. Nunca perdi uma competição oficial, nem empatei.

Estalo todas as juntas dos dedos das mãos e também dos pés. Depois
coloco com cuidado as ataduras, muito concentrado.

Desde crianças, os Santiagos são treinados nos mistérios da Luta. Já
nos primeiros meses, quem sabe nos primeiros dias de vida do bebê, a
família toda aguarda ansiosa pelos sinais de que mais um vencedor veio ao mundo. Como estão os reflexos? Ele é medroso? Chora muito? É bravo? Uma dieta altamente balanceada, concebida pelo saudoso tio-avô Tibúrcio, prepara os nossos corpos para as duras exigências dos anos de treinamento. Tudo gira em torno da técnica e da preparação. Estudos, vida sexual e afetiva, nada precede em importância a formação dos Lutadores Santiago.

Mas não pense que somos autoritários ou draconianos. Bom, draconianos talvez. O fato é que até hoje ninguém da nossa família renunciou a esta sina gloriosa. É claro que alguns Santiagos são melhores que outros, encarnam com mais firmeza os preceitos da Luta. Mas todos, de um jeito ou de outro estão relacionados a ela. Os mais fracos dentre nós são aqueles que não se tornaram lutadores profissionais, acomodando-se com a rotina de dar aula em suas próprias academias. Não os desprezamos. Ao seu modo, estão fazendo o seu caminho dentro da nossa arte. Por outro lado, alguns de nós são verdadeiros exemplos de dedicação e superação para toda a família. Penso em
tia Amélia, que aos setenta e dois anos acaba de unificar todos os
títulos mundiais de vale tudo feminino, categoria sênior.

Meu pensamento vaga por toda a nossa vasta tradição: oceanos de chaves de braços, pernas, pés e rins, estrangulamentos dos mais diversos tipos, gravatas, gravatas invertidas, mata-leões, sufocamentos com a ajuda do quimono, ezequiéis, pontos de pressão, chutes, socos, cotoveladas, joelhadas, pisões, cabeçadas
e pescoções. Somos armas vivas.

Pensamos em lutas 25 horas por dia. Não usamos nenhum adereço que possa ser usado contra nós mesmos pelo Eventual Adversário. Nada de correntes no pescoço, brincos na orelha ou cabelos compridos, mesmo as mulheres. Nossas crianças vão para o jardim de infância com protetores bucais no bolso da calça.

Me deito no chão de barriga para cima e jogo os pés por sobre minha
cabeça, alongando os lombares e a cervical. O contato com o chão me faz sentir toda a energia tensa da platéia que me espera lá fora. Sinto um frio na barriga, mas é normal. Seria preocupante é se não sentisse.

Sou o mais corajoso de todos eles. Enfrentei adversários em todos os
continentes, sob todas as condições: de lutas em hotéis de luxo
transmitidas pela TV a cabo a chuvas de latas de cerveja em ringues vagabundos montados em ginásios interioranos. Venci a tudo e a todos, menos à minha própria natureza voraz, sempre querendo ir além, não se saciando com aquilo tudo, todo aquele sangue no ringue, dentes quebrados, fraturas expostas dos valentões que insistiam em não bater três vezes no tatame depois da chave encaixada, retinas deslocadas, hematomas, nocautes, cortes em geral, falência de órgãos, pedaços de rim eliminados na urina após o combate.

Alongo minhas pernas como se tivesse todo o tempo do mundo. A
expectativa me faz sentir frio, é bom não facilitar.

A Luta nos fez ricos e, mais que isso, unidos. Somos uma força da
natureza,um exército genético que atravessa as décadas com a única missão de se aprimorar, de se tornar ainda mais forte e evolutivamente eficiente. Escolhemos nossas mulheres pelo tamanho das ancas e nossas primas e irmãs escolhem seus homens pelos maxilares. Temos muitos filhos.

Fico saltitando, distribuo golpes no ar, só para esquentar e espantar a tensão. Alguns chutes também. O que eu mais gosto em tudo isso? Não são as glórias e vitórias, certamente não é o dinheiro, não é a chance de esmurrar um sujeito qualquer até o limite e ser aplaudido por isso ao invés de ser preso. Não. O que eu gosto é a coreografia, os passos cada vez mais desesperados, a marcação feita de sangue, o ritmo dos gritos e palmas da platéia. A dança, é disso que eu mais gosto.

Exercícios de respiração, quase na hora. Encho os pulmões e solto o ar
devagarinho. Sinto a sua urgência em querer sair de dentro de mim,
derrubando o que houver pela frente. De alguma forma isso me inspira.

Penso mais uma vez na família e em como o apoio deles foi importante para que eu chegasse até aqui. Não sei se seria tão corajoso não fosse por eles. Eles também me aguardam lá fora.

Combino os exercícios de respiração com algumas posturas básicas. O
objetivo é relaxar, mas tem uns 300 cachorros furiosos avançando pra fora de mim. É hora.

Saio do meu camarim em transe. Não adianta mais pensar no que fazer ou em como fazer. Agora é apenas avançar, não é possível voltar, de jeito nenhum. Estou ansioso, como na minha primeira luta. O meus companheiros me cercam e avançamos, trocando palavras de incentivo, mas cada um na sua própria viagem, mais sendo levados que caminhando.

E de repente cá estamos, prestes a entrar. De onde estou, posso ver uma boa parte da platéia. Ao final do espetáculo quero ver todos de pé, urrando de satisfação. É uma promessa que me faço.

Sou o mais corajoso de uma longa dinastia de lutadores. Minha família está toda lá, pai, mãe, tios, tias, primos, primas e avós sorridentes na primeira fila, todos muito elegantes, apesar da falta de gravata nos homens. Estou tão ansioso que me prendo em detalhes, notando as orelhas ligeiramente deformadas em todos. Serão os anos de treinos no tatame ou já virou uma característica genética?

Avanço para as luzes, e quando se dão conta da nossa chegada, todos
aplaudem.

Sou o mais corajoso de uma longa dinastia de lutadores. Estou provando isso agora, ao seguir o meu caminho.

É só nisso que penso quando minha sapatilha de ponta toca o palco e as
primeiras notas do Lago dos Cisnes ecoam pelo teatro.

06/04/2005 13:58 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Apud Mujique

Dez anos no futuro, quando me lembrar dos dias que correm, vou me lembrar desta musiquinha.

06/04/2005 10:41 | Comentários (0) | TrackBack (1)


911 is a joke

Não, ele não vai.

Mas deve mandar REPRESENTANTES.

06/04/2005 09:35 | Comentários (0) | TrackBack (0)


When we were kings

firpo2.jpg

Marco Zero, Recife, quarta-feira de cinzas, 2005.

Arquivar em "dias felizes de nossas vidas".

06/04/2005 09:33 | Comentários (12) | TrackBack (0)


Blimey

Procurando um conto meu escrito sob a perspectiva de uma criança, que atende pelo nome de "4 Anos" e aparentemente se perdeu na Internet (se alguém achar, estou perto do palco, à esquerda), encontrei esta frase, que nem lembrava que tinha feito:

"Se o doutor disser que é agudo, pode ter certeza que é grave."

05/04/2005 17:24 | Comentários (3) | TrackBack (0)


The world is a vampire*

Não deixa de ser instrutivo: vim pra cá pra dar uma vida melhor pra minha família e ganhar uma graninha extra. Agora eles estão a 480km de distância e eu estou tendo prejuízo.

*Corgan, Billy, "The world is a vampire" apud Czarnobai, André, comentário em blog.

05/04/2005 09:09 | Comentários (12) | TrackBack (0)


Aglaja 2

Terminei o livrinho da criança na polenta. Gostei mais do começo que do fim, mas é bem legal. A orelha do livro diz que a autora lançou mais um romance e um livro de contos antes de se matar.

Procurarei.

05/04/2005 09:03 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Meme do dia

Aquele trechinho de uma música do Tom Zé em que um coro de meninas canta "...à puta que o pariu...".

Se alguém souber o nome da canção, agradeço.

05/04/2005 09:01 | Comentários (4) | TrackBack (0)


A vida é o que acontece agora

Passar no apartamento, recolher minhas roupas, dar um fim digno ao bujão, botar tudo no carro, achar um lugar pra dormir. Depois ler mais um pouco da criança na polenta.

Por mais perto, a tendência é voltar ao hotelzinho perto da Filarmônica Comercial de Kosovo, vide posts anteriores.

Talvez devesse tentar alguma coisa na Lagoa, mas aí começa a ficar por demais parecido com a outra vez em que morei aqui.

Sem coitadismo, é meio chatinho esse vai-e-vem. Tudo por um punhado a mais de sucrilhos.

Mas é cedo ainda. Muito cedo.

Eu é que tô cansado.

Durmo mal em ônibus.

Amanhã, talvez.

04/04/2005 19:02 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Meu novo amigo

O pessoal da mudança esqueceu de levar de volta pra Porto Alegre o nosso amado BUJÃO DE GÁS.

O que faço eu agora em Santa Catarina com um troço desses?

Levo pro hotel? Trago pro trabalho e coloco ao lado da minha mesa? Boto uma coleira e passeio com ele pelo calçadão? Atiro no mar?

Me dêem umas dicas. A mais criativa de todas ganha um prêmio-surpresa, todo metálico, pesando uns 13kg.

04/04/2005 15:44 | Comentários (8) | TrackBack (0)


Geek USA

Os posts que eu coloquei hoje de manhã ainda não apareceram na minha tela, nem os novos comentários.

Sempre acontece isso, não faço a mínima idéia do porquê, mas deve ter algo a ver com o servidor.

Todos os outros blogs aparecem normalmente, atualizados.

04/04/2005 14:15 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Look mom, no teleprompter!

William Bonner, ao vivo de Roma, visivelmente emocionadíssimo com o passamento do Santo Padre: "...marcado por momentos marcantes...".

04/04/2005 10:07 | Comentários (10) | TrackBack (0)


Porto Alegre, so much to answer for

Na cidade durante o final de semana.

Conversei com alguns amigos, com outros não deu, mas semana que vem estamos aí.

E na seguinte.

E na outra.

E depois.

A Carol Bensimon é que acertou: moro em Porto Alegre, trabalho em Florianópolis.

Pelo menos por enquanto.

04/04/2005 09:58 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Ch-ch-ch-changes

Foi-se a babá, de volta a Porto Alegre. Com ela, o marido e o filho.

Agora de manhã está indo a mudança ainda semi-encaixotada, para o NOVO APARTAMENTO que alugamos.

Ele fica em Porto Alegre.

Na ilha quase deserta na baixa temporada só fiquei eu com meus deveres profissionais.

Chove.

04/04/2005 09:43 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Aglaja

Finalmente botei as mãos em "Por Que a Criança Cozinha na Polenta."

Terminada a primeira parte, dá pra dizer que é o tipo de livro que eu escreveria se soubesse escrever.

04/04/2005 09:36 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Programação normal e o melhor do carnaval

Pra tapar a mancada, uma dica:

Tem um filminho legal passando agora em São Paulo e em breve em salinhas artsy-fartsy de todo o Brasil, excetuando-se, evidentemente, Florianópolis.

“The Five Obstructions” trata de um desafio feito pelo Lars von Trier, perfeito no papel de Lars von Trier, para o seu ídolo Jorgen Leth: refilmar cinco vezes o seu clássico dos anos 60, “The Perfect Human”, obedecendo a algumas limitações impostas com prazer sádico pelo homem que fez a Bjork botar um ovo de raiva.

Maroto e faceiro, o Jorgen aceita o desafio, se apertando aqui e ali, mas sempre aproveitando os atalhos do campo pra, apesar das obstruções, produzir quatro filminhos legais. Sobre o quinto eu não falo.

É um filme sobre a criação e suas limitações, sobre cinema, sobre ídolos e influências, sobre inveja e, principalmente sobre cabeça doentinha e genial do Lars von Trier. De brinde, a personalidade flamboyântica do Jorgen.

01/04/2005 17:48 | Comentários (10) | TrackBack (0)


Ahn

Sou contra deletar posts, exceto quando eles explicitam de forma inclemente a burrice e a falta de atenção do autor.

Seguimos com nossa programação normal.

01/04/2005 16:23 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Save Our Souls

Hoje de manhã, vindo pro trabalho, passei por uma kombi da ONG MORADIA E CIDADANIA.

Juro que pensei em pedir ajuda.

01/04/2005 08:58 | Comentários (3) | TrackBack (0)