por Marcelo Firpo

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Campoestrela

Dentro de alguns instantes - estou sendo otimista, é dentro do tempo necessário para o Santiago dormir, que pode ir de dez minutos a duas horas - tentarei rever "A Via-Láctea", do Buñuel, que vi quando eu era um adolescente angustiado, numa tarde particularmente angustiada. Não lembro muito da história, dos detalhes da trama, mas lembro vivamente da sensação de querer ser também um andarilho, da inveja que sentia do personagem, que não precisava se preocupar com as provas finais de química nem escolher algum curso do vestibular.

Tenho sérias dúvidas se realmente vou conseguir ver o filme até o fim ou se vou dormir no meio, porque a noite passada foi meio tumultuada, o Santiago não queria dormir de jeito nenhum e, quando isso finalmente aconteceu, ficamos com MEDO de colocá-lo no berço e correr o risco dele acordar, de modo que passei a noite inteira sendo chutado.

Que belo mundo seria este se eu conseguisse ver "A Via-Láctea", depois escrever um pouco e, antes de dormir, ali pelas três da manhã, ler mais um pouquinho do "Disruption". Só que no mundo que eu vivo, preciso acordar às oito, oito e meia no máximo amanhã, tem uma reunião cedo, e gostaria de tentar correr ou nadar antes. O que eu tô tentando dizer é que é realmente complicado ter uma vida culturalmente interessante, no sentido de rica, e um trabalho formal, com expediente.

De forma alguma estou reclamando do meu trabalho, muito pelo contrário. Em um mês nesta agência conseguir aprovar mais trabalhos do que em quatro meses de Florianópolis. Fora isso, a equipe é massa, a atmosfera é agradável e ontem de noite eu estava querendo que a segunda chegasse logo, o que é meio inédito. Realmente, não estou me lamuriando com relação ao trabalho, a este emprego em particular.

É mais uma constatação: essa jornada dupla não deixa muito espaço pra perfumaria: escrever um post longo como esse - a não ser em casos de extrema teimosia, como agora - ou então ler um livro de uma sentada ou, melhor ainda, terminar de escrever um.

Estou fazendo um bom trabalho, mais do que isso, estou gostando de fazer um bom trabalho. Acho que também tenho conseguido ser um bom pai. Queria só ter um pouquinho mais de tempo, saúde e disposição pra mergulhar em algo que não consigo nomear muito bem, mas é esse mundo que fica pra lá da vidinha, ou talvez exista mesmo dentro da vidinha, mas nem sempre seja percebido.

Silêncio no quarto. Acho que o Santiago dormiu.

Vou tentar ver o filme agora. Por pura teimosia.

20/06/2005 23:32 | Comentários (4) | TrackBack (0)