por Marcelo Firpo

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Mostarda

Galera vitupera contra o realismo mágico, ou melhor, seus excessos. E ele tem razão: quando o realismo mágico esquece da sua porção realista, vira fantasia ou, pior, sátira. Deus, como eu odeio sátira.

A imaginação sem limites pode ser realmente um saco, especialmente quando usada como muleta para dar um colorido extra a uma história insossa. Tudo depende de tudo, como sempre, e esse é o meu ponto, alguém avise ao motorista pra parar.

Um cara como o Galera consegue contar suas histórias sem o auxílio de elfos ou golems. Na verdade, temo que ele não conseguiria justamente o contrário, colocar um elfo ou golem numa história sua, ou pelo menos eu não consigo imaginar uma história dele assim. Tem a ver com estilo e, mais do que isso, com o catálogo de obssessões que cada um cultiva.

Minha história, a que estou tentando terminar, é mágica, mas também é realista. O que eu gosto no realismo mágico, quando bem-feito, quando justo, é exatamente a capacidade de construir um mundo absolutamente normal, fisicamente plausível, e inserir nele, de forma harmoniosa, um elemento estranho. Não é um carnaval, não é uma profusão de absurdos, não é uma competição pra ver quem tem a imaginação mais solta.

Limites são importantes, sem eles a coisa perde a graça. O contraste, também. Num mundo todo mágico, a mágica não existe.

Teve uma vez que eu fiquei doente e faltei a uma aula no jardim de infância. No dia seguinte, pequeno projeto de cdf que eu era, perguntei para um coleguinha sobre o que a professora tinha ensinado. Ele me disse, muito sério: "Ontem nós aprendemos o que é absurdo." "E o que é absurdo?" "Absurdo é uma coisa que não existe. Um avião que anda na água, por exemplo." E saiu correndo para agredir um outro coleguinha. Fiquei remoendo aquela revelação durante alguns instantes, mas algo me incomodava, e muito: eu tinha visto na TV há poucas semanas um avião que andava na água, um hidroavião.

Desde aquele dia, o absurdo ficou para mim como uma coisa que, basicamente, existe. Pode não ser muito freqüente, mas existe.

21/06/2005 11:32 | Comentários (8) | TrackBack (0)