por Marcelo Firpo

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O começo do círculo está em todo lugar

Nos anos 90, quando eu visitava semanalmente a Planeta Proibido na hora do almoço, comprei o número 2 de 3 da minissérie da Morte, "The High Cost of Living". Não sei como consegui perder o número 1, talvez tenha vindo só um exemplar e alguém comprou antes, talvez nem tenha vindo, o certo é que comprei primeiro o número 2 e, claro, comecei por ali a leitura.

Jamais seria capaz de encomendar o 1 e esperar até a chegada para ler tudo na ordem certa.

"The High Cost of Living", parte 2, começa com Didi e Sexton passeando pela noite. Didi é a encarnação da Morte, já que reza a tradição que a cada cem anos ela seja obrigada a passar um dia na pele de uma mortal, para entender melhor o seu próprio trabalho de ceifadora. Sexton é um grungezinho emburrado com a vida.

Jamais vou esquecer a minha sensação de desorientação ao começar a ler esta história pelo meio, e muito menos a minha satisfação com isso. Cair de cabeça no meio da narrativa, ainda mais com uma cena de abertura como esta, duas pessoas caminhando noite afora depois de terem se conhecido pela manhã e dado umas bandas por aí, vai ser sempre o meu emblema de como é legal se perder em uma história. Quando um personagem novo entrava em cena, por exemplo, eu ficava me perguntando se era a primeira vez que isso acontecia ou se ele já tinha sido apresentado ao leitor no volume anterior. Mesmo quando alguém dizia uma frase, eu me perguntava se esta era uma frase qualquer ou se já havia sido repetida dezenas de vezes antes. Quando finalmente consegui ler o número 1, uns meses depois, foi meio estraga-prazer, porque as coisas se encaixavam certo demais e a desorientação que eu tive - e que, por extensão, também é a desorientação do personagem Sexton, passeando com uma maluca que ele recém conheceu - se dissipou.

Já escrevi o prólogo da minha nova historinha. Estou tendo alguma dificuldade para continuar daí. Não tenho a menor idéia de como será o primeiro capítulo. Entretanto, tenho uma noção bem clara de como será o último. E talvez alguns do meio. Apesar do bom senso indicar que deve-se começar do começo, ir até o meio e só então chegar até o fim, acho que vou quebrar novamente esta regrinha, como fiz na novela.

Talvez o mais legal de tentar escrever, pra mim, seja isso: ter um pedaço de história, vá lá, um braço, e a partir daí tentar descobrir o que vem antes e/ou depois. Sentir esta mesma desorientação goshtosa e ir aos poucos intuindo como são a cabeça, os pés, o tronco, as pernas e o outro braço.

Isso na hipótese otimista de realmente ter uma cabeça, dois pés, um tronco, duas pernas e mais um braço, é claro.

30/01/2006 14:55 | Comentários (10) | TrackBack (0)