por Marcelo Firpo

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Last night a DJ Dolores saved my life

Last night é a porra. Foi agora há pouco.

Começou assim: o primeiro show era de um argentino batuqueiro chamado Ramiro Musotto, de quem nunca tinha ouvido falar. Ele entra sozinho com seu berimbau e de saída reduz Naná Vasconcellos a fótons. Faz um solo virtuoso mas objetivo, ganhando o respeito da platéia. A sua banda entra e eles começam a tocar uma mescla de batuque com programação eletrônica, além de algumas participações de instrumentos como guitarra havaiana (baiana?), pífanos e sax. Os ritmos variam, mas predominam batidas retas, meio trance, só que a percussão tirava a monotonia da coisa. Bem legal, ainda que um pouquinho longo demais. No final, mais um solo de berimbau, desta vez acompanhado de uma programação bem quebrada. O que fez a diferença com relação ao show da noite anterior é que este cara tem referências mais modernas e não pretende ser o Ray Coniff da percussão.

Intervalo, encontro um monte de amigos que não via há um tempão e depois voltamos para o DJ Dolores. Tenho os dois CDs dele e já tinha visto uns dois shows no carnaval do Recife, ainda que não com o repertório novo. Tava louco para ouvir ao vivo as músicas mais recentes, em especial "Azougue" e aquelas com uma levada de merengue.

Eles entram no palco. O DJ no canto esquerdo, numa mesa cheia de equipamentos, uma vocalista negra no centro, um guitarrista do outro lado e dois carinhas num praticado logo atrás, nos metais. Como todas as batidas são feitas pelo DJ, o palco parece um pouco vazio, despojado demais. Tenho medo que o show seja um pouco chato, justamente por isso, por não haver nenhum carinha se esfalfando na percussão ou bateria.

Ele toca a primeira música e agrada. A guria do vocal faz um gênero bem esquisito: ela não tem uma postura corporal muito autoconfiante, canta de cabeça baixa, os cabelos rasta caindo na cara e me fazendo lembrar de filmes de terror japoneses, mas surpreendentemente isto funciona e dá uma certa imprevisibilidade à performance. A segunda música entra, ela faz umas dancinhas e o despojamento do cenário me faz lembrar daquele sonho que o agente Cooper tem no Twin Peaks. É tudo estranho, mas bom.

A música termina, ouve-se o aplauso e logo depois o DJ mostra porque os recifenses comandam o universo: "Ó, quem quiser pode SUBIR AQUI NO PALCO pra dançar." As pessoas riem. "É sério, não tem segurança, pode subir, não tem problema, é festa, chega aí." E começa a tocar.

Dois segundos depois o palco é invadido por mais de cem pessoas, eu incluído.

Deste momento em diante o show realmente vira uma festa, as pessoas vão se soltando, se misturando aos músicos e curtindo muito o inesperado da situação. A platéia fica quase vazia, o DJ se pilha muito e toca por umas duas horas, não só as músicas do seu repertório como também uns pancadões, tecnobrega e raggamuffins, tudo misturado com instrumental ao vivo, a guitarra tocando muito merengue, os metais, jazz, a vocalista gritando "azougue eu tomo pra me distrair, azougue eu tomo pra me transformar" e tudo se encaixando com harmonia.

No final, já exausto, vi de longe a platéia fazer um longuíssimo trenzinho que serpenteava pelo palco, o pessoal das produção desesperado para proteger o equipamento, ao som de uma batida reta pesada e de metais que misturavam frevo com som de bandinhas alemãs.

Não fica melhor do que isso.

11/03/2006 01:39 | Comentários (5) | TrackBack (0)