por Marcelo Firpo

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Odete Roitman c´est moi

Não achei mais a foto, e até acho que foi uma boa coisa não ter achado, porque assim me livro de um eventualíssimo processo. É aquela do sujeito que supostamente tentou roubar uma padaria entrando pela chaminé e ficou entalado. A foto mostra um homem, negro, magro, vestindo uma camiseta amarela que lembra mas não é a da seleção. Tem os braços compridos, a mão de dedos longos, e é de se pensar que, se tivesse tido a mais infinitesimal possibilidade de se aproximar de um piano, poderia ter sido um bom pianista. Fiquei longos minutos olhando pra foto. Primeiro pelo ato em si, que denota uma absoluta carência técnica na arte de roubar, uma confiança exagerada na própria sorte e capacidade de improvisação, a ausência de grandes planejamentos e um desespero famélico. É especialmente significativo o fato dele ter se entalado numa chaminé de padaria e não na de um banco, tivessem bancos chaminés. O que roubaria, se tivesse conseguido? O troco do caixa, um pacote de cigarros, um pão de meio quilo e uma mortadela? Jamais saberemos. O certo é que não conseguiu e ficou lá, entalado e exposto à execração pública. O primeiro impulso é de rir, claro, mas logo a seguir vem a sensação de estar rindo de si mesmo.

Morar no estrangeiro deve ter esta vantagem, ao menos: quando acontece algo de errado por lá é chato mas não é terrivelmente constrangedor, porque afinal de contas não é o teu país. Tu lamenta, mas não chega a se envergonhar. Em reverso, quando acontece algo de bom no teu país e tu está longe deve ser meio desagradável.

No caso dos brasileiros, a segunda hipótese é cada vez mais remota.

23/11/2006 07:28 | Comentários (5) | TrackBack (0)