por Marcelo Firpo

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Caos na terra aos homens de boa vontade

Mudança. Eu posso entender o conceito da mudança e me adaptar a ele. Já fiz isso várias vezes. Consiste basicamente em pegar todas as coisas de uma casa, encaixotar, levar para outra casa, desencaixotar, remontar tudo e fazer a contabilidade do prejuízo. Paralelamente, se pinta e se arruma a casa antiga e devolve pra imobiliária. Isso é relativamente simples. Claro, a gente acaba acrescentando alguns complicadores, talvez pra deixar tudo mais interessante, ou talvez por necessidade mesmo. O apartamento antigo era cheio de armários embutidos, por exemplo, e este novo não, então nada mais natural que comprar dois roupeiros novos. Não muito natural é a loja mandar uma equipe formada por UMA pessoa, que chega às 16:30 e sai um pouco depois de 00:30, isto é, OITO horas depois, e tu ter que ficar lá, esperando, tu e o teu filho de três anos incompletos, vendo e revendo todos os DVDs de desenhos e animações de massinha disponíveis. Mas enfim, são as vicissitudes do sistema, uma equipe de montadores de roupeiro maior sairia mais caro, ou cada trabalhador receberia uma remuneração menor etc etc etc. O que eu quero dizer é que tudo isso eu entendo, é do jogo. O fato da madeira dos móveis novos parecer ter sido tratada com isótopos radioativos, e feder por dias a fio, irritando olhos e garganta, também é do jogo.

O que realmente me incomoda é o que aconteceu desta vez. A sensação de, logo depois de ter chegado, se sentir a pessoa mais azarada do mundo, ou talvez a mais otária.

Já morei em apartamentos barulhentos, já sobrevivi a uma infestação massiva de baratas, já fui até brindado com crianças que jogavam basquete no andar de cima com algo que soava como um tijolo. Desta vez, entretanto, sinto que foi um pouco demais.

Água. Enferrujada.

O apartamento ficou fechado por quatro meses e, aparentemente, a água enferrujou os canos. Estranhamente, os canos são de ferro, mas o edifício não é antigo. Seria basicamente um problema de deixar as torneiras abertas por algumas horas, para a sujeira sair, mas não parece ser o caso.

Ontem de noite, pela quarta ou quinta vez, abrimos todas as torneiras da casa. Uma toalha branca que estava pendurada no box ficou laranja.

Além do problema do meu apartamento em si, a ferrugem parace ser uma issue em todo o condomínio. Conversando com o síndico, ele nos disse que a troca de todo o encanamento superior já está agendada para janeiro, também pelo problema da ferrugem. Em suma, é um problema dentro de outro.

Sério, nem se tivesse descoberto uma infestação de capivaras no forro da cozinha teria ficado tão cansado.

No apartamento anterior, nos demos conta um pouco tarde demais do barulho proporcionado pela confluência da 24 de Outubro com a Bordini. Foi uma sensação ruim, também, mas em poucos dias já estávamos meio surdos, então tudo bem. Desta vez é um pouco diferente.

Cada banho, cada escovada de dentes, cada lavagem de mãos é um pequeno suplício. A pele fica pegajosa, e respirar o vapor d´água quente no banho não parece ser uma das dez atividades mais saudáveis. Banhos do Santiago proibidos, porque volta e meia ele tomava a água da banheira no antigo apartamento.

Então é isso: vamos desencaixotar tudo, instalar a net, a internet, o telefone, a máquina de lavar, colocar os livros nas estantes e as roupas nos roupeiros, mas mesmo depois de tudo arrumadinho, ainda teremos essa vaga sensação de estar acampados. Dia e noite a água corre das torneiras, mas a cada vez que precisamos dela, é fácil perceber que ainda não está boa, e sente-se que dificilmente ficará.

Vontade de comprar um apartamento, um jk que seja, pra pelo menos, se der algum problema estrutural deste tipo, ser o meu problema estrutural, que eu vou ter que resolver e pronto, sem ter que ficar brigando com proprietário e imobiliária, ou amarrado a um contrato que prevê multas em caso de quebra e iadaiadaiada.

Muito azar. É difícil acreditar que um prédio tão bom ainda tenha um sistema de encanamento da Idade Média.

Não sei bem o que fazer, essa é a verdade.

26/12/2006 08:34 | Comentários (19) | TrackBack (0)