por Marcelo Firpo

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Hastaluego

Meia-noite e vinte e cinco agora, de segunda para terça. Sentei para escrever um post sobre a viagem a Buenos Aires, mas fui interrompido pelo Santiago:

"Papai, eu quero ir no shopping brincar com os brinquedos."

"No shopping mais legal?" (é como ele chama o shopping Total)

"Não, no shopping que tem os carrinhos e que a gente joga bolinhas nos gatinhos"

Percebo que ele está descrevendo dois brinquedos do megalomaníaco parquinho de diversões do shopping Alto Palermo, Buenos Aires, Argentina.

"Mas filho, esse shopping não dá pra ir agora, é muito longe. A gente tem que pegar outro avião e voltar tudo." (chegamos não faz nem quinze minutos. Imagino que a lembrança da via-crúcis de carrinhos de bagagem, correria, detectores de metal, filas de check-in, filas de imigração, filas de embarque e filas de desembarque, para citar só algumas, seja capaz de demover o pequeno juggernaut.)

"Nããããããão, a gente vai de táxi, eu já vou chamar, não te cocupa."

E o pior é que ele parece ter alguma razão. Fiquei com a sensação de que voltaremos na primeira oportunidade que aparecer. Um pouco porque não deu pra ver nada em três dias chuvosos e nublados, mas principalmente porque a parte que eu vi eu gostei, muito.

É muito interessante se mover numa cidade escancaradamente mítica. Tu passeia por uma rua e pensa coisas do tipo "Cortázar deve ter grudado uma meleca nesta parede" ou "Gardel certamente catarreou nesta praça" ou "Borges há de ter peidado neste elevador". A cidade simplesmente tresanda história, memória.

Alguns momentos:

-Santiago abismado com o fato dos personagens do Discovery Kids na TV do hotel falarem com vozes diferentes e cantarem músicas com melodias iguais, mas letras distintas. Expliquei o porquê da diferença e deu pra ver que ele sacou mais ou menos o conceito de cidade: fomos passear em "Buens Ais", mas moramos em "Putalegre";

-O fascínio incontrolável pelo "trem do buraco". Por ele, pegávamos metrô até pra ir ao quiosque da esquina;

-Melhor break publicitário, o argentino: campanha "Dueño" bombando, vi um comercial muito massa com um prédio que se movia pela cidade como se fosse uma retroescavadeira ou um trator. Trinta mil anos antes de conseguirmos fazer algo que se aproxime disso. Muito boa também a campanha do Anaflex, analgésico, estrelada por um genérico do Ozzy que adora se machucar para usar o produto. Vale procurar no youtube, e é o que farei amanhã;

-Excelente senso estético, também: todo mundo se veste bem por lá, mesmo os mais chinelos. O único casal que achei malvestido provou-se depois irremediavelmente paulista.

-O trânsito anda, mais que em Porto Alegre. Táxis baratos, taxistas honestos.

-O que nos levou ao aeroporto foi monologando por 45 minutos. Highlights: (ao passarmos por um ônibus de torcedores tomando blitz da polícia:) "Não sei por que a polícia gasta pessoal com estes hinchas. Por mim, que prendam todos e depois averigüem." (imigrantes:) "Todos delinqüentes. Nunca ouvi falar de um boliviano astronauta ou engenheiro espacial" (política:) "Gosto do Kirchner, mas ele tinha que governar por uns trinta anos" (Brasil:) "Vocês tiveram bons presidentes, nos anos 70"

-TV: tem um canal que só passa CLIPES DE TANGO. Genial. Se não me engano,o site é tangocity.com. Tinha um programa em que ficavam uns tiozinhos em volta de uma mesa num boteco, tomando cafés, conversando pouquíssimo e esmerilhando nos clássicos, não só tangos, como também milongas portenhas. Arranquei um olho com um alicate ao perceber que o similar nacional é aquele com o Thedy Correa e Tânia Carvalho.



24/04/2007 00:20 | Comentários (8) | TrackBack (0)