por Marcelo Firpo

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Estóica

Tinha me esquecido dessa: sábado de manhã fui com o Santiago na Feira e, ao consultar a programação da área infanto-juvenil, vi que ocorreria a apresentação de uma peça de teatro chamada Lendas do Sul em poucos minutos. E de graça.

Como Santiago tinha assistido recentemente a uma apresentação de fantoches num aniversário, ficou todo feliz quando eu disse que ia ter um teatrinho. E lá fomos nós.

Esperamos algum tempo sentados no teatro, montado num dos armazéns do cais, até que a peça começou. Só que não era uma peça no sentido estrito do termo. Eram duas mulheres, vestidas de prendas, uma tocando violão e outra declamando causos e cantando de vez em quando. Sem querer entrar no mérito artístico da coisa, não era exatamente o que eu tinha imaginado. Não tinha uma trama, nem personagens, nem cenários, essas manias todas que começaram com os gregos antigos.

Preocupado com o Santiago, sussurrei pra ele mais ou menos o seguinte:

"Filho, se tu quiser sair é só me avisar, tá bom?"

"Tá bom."

"Tu quer sair?"

"Não."

E a apresentação seguiu adiante, contando que Lagoa Vermelha se chama Lagoa Vermelha por causa dos cadáveres dos índios trucidados e jogados numa lagoa da região, tingida então de sangue. Esperei mais um pouco e perguntei:

"Filho, tu quer sair?"

"Não."

Lá pela quarta vez que perguntei, comecei a me acostumar com a idéia de ter um filho aberto às mais diferentes propostas artísticas. Envisionei-o assistindo a uma peça de Gerald Thomas, inclusive.

Já tinha até desistido de perguntar se ele queria sair, as mulheres agora cantando sobre o terrível suplício do Negrinho do Pastoreio, quando ele se virou pra mim e perguntou, baixinho:

"Papai, que horas que começa o teatrinho?"

31/10/2007 10:28 | Comentários (12) | TrackBack (0)