por Marcelo Firpo

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Consider the person

Os últimos dias do David Foster Wallace. Quase não li, achando que era um texto meio sensacionalista, mas na real - e talvez mesmo sendo - revela alguns detalhes interessantes, que me forçaram a reconsiderar algumas idéias que eu tinha do sujeito.

Primeiro, sofria de depressão crônica, tomando medicamentos sob receita, inclusive. Nos últimos tempos, os remédios deram algum crepe e ele teve de interromper o uso, resultando daí também uma internação e eletrochoques que o fragilizaram bastante.

Segundo, por conta desses problemas teve que se licenciar da universidade onde dava aulas, passando os dias em casa. Quando a mulher precisou viajar para tratar de assuntos de família, pediu que seu pai e mãe viessem passar uns dias com ele. Matou-se alguns dias depois que eles voltaram para casa. Não escrevia nada há cerca de um ano.

A idéia que eu tinha do DFW era a de um cara meio auto-suficiente, um gênio morando com dois cachorros numa cabana e barbarizando o mundo da literatura com gosto e diligência. O próprio suicídio dele tinha pra mim até então um quê de soberba, de enfado. O cara que emerge desse texto é, estranhamente, humano.

Gostaria de escrever mais um pouco sobre isso, mas o Santiago tá no meu colo repetindo em loop há dois minutos que quer jogar os games do site do Discovery Kids. Filhos pequenos, o remédio que a Natureza inventou para afugentar qualquer traço de depressão ou de autocentrismo.

25/10/2008 17:56 | Comentários (4) | TrackBack (0)