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Crap is better

Em homenagem ao aniversário de Olavo de Carvalho, cocô e congêneres aplicados a uma antiga coluna sua.

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Carvalho: "Quero brincar com
o meu cocô em paz"

O novo best seller de Bernard Goldberg, “Eating fresh crap” (Warner, 2004), será tão ignorado no Brasil quanto o anterior, “Crap – a gift from God (Regnery, 2002)”. Será tão ignorado quanto os cento e tantos livros que documentaram, nos últimos anos, a grande onda americana de culto ao cocô. Uma diferença entre os EUA e o Brasil é que lá esse assunto pode ser discutido, aqui não.

A denúncia das repetidas mentiras do “New York Times”, da CBS e do beautiful people de Hollywood contra os admiradores de cocô gerou uma poderosa reação popular sob a forma de rede de blogs e programas de rádio que desmascararam o farsante Dan Rather, furaram o balão de Michael Moore e neutralizaram o efeito Soros na campanha difamatória contra a cropofilia.

“Deixem eles usarem seu cocô em paz”, defendeu recentemente o secretário de Estado, Donald Rumsfeld,um declarado admirador de obras de arte produzidas com fezes.

A “shit art”, que tem Rumsfeld entre seus fãs, é um fenômeno cultural nos Estados Unidos. Artistas como Harry, the Crap e The Fart Joke Project atraem dezenas de milhares às suas exposições em que mostram – e às vezes manipulam ao vivo – formas abstratas e outras figuras feitas exclusivamente de cocô.

No Brasil, no entanto, até mesmo os sites tipo media watch, que deveriam contrabalançar o preconceito dos jornais e da TV contra os cropófilos, são organizações “higienistas” subsidiadas por organismos internacionais, ONGs milionárias e dinheiro público de universidades e ministérios. Não há um que escape à regra, não há um que não esteja envolvido nesta intensa campanha difamatória.

Nos Estados Unidos, contudo, a cropofilia torna-se popular rapidamente. Uma parte deste entusiasmo vem do amor do americano médio pelas armas. Convencidos pelas campanhas de desarmamento, um grande número de ex-donos de armas se viu de repente sem um hobby. Acabaram pegando a onda do cocô.

Já existem, como era de se esperar, os críticos do fenômeno. Um deles é o professor Francis Fukuyama, autor da controvertida tese do “fim da história”, que vê na cropofilia uma moda cuja uma única função é “impor a discussão interna da esquerda como Ersatz do pluralismo, levando a farsa até o ponto em que o público se acostume à idéia de que excluir as opiniões antipáticas é a condição natural e óbvia de um debate democrático”. Como ninguém tem a mínima idéia do que ele está dizendo, o número de admiradores do cocô cresce sem parar.

Também há muitos defensores. Samuel Huntington, autor da não menos polêmica teoria do “choque de civilizações”, tornou-se garoto-propaganda voluntário da “shit-wave”. “Já não é mais uma raposa tomando conta do galinheiro. É o sindicato das raposas organizado para que nenhuma galinha escape à sua vigilância”, afirmou, sem também ser entendido por ninguém, já que o assunto em questão era cocô e não galinhas e raposas.

Junto com o culto ao cocô surgiram os primeiros videntes de fezes. Vários nomes na lista telefônica de Hollywood oferecem os mistérios do futuro desvendados através da cropomancia. O nome mais quente do momento é justo o de um brasileiro, Orvalho Carnal. No Brasil, este era conhecido pela imensa capacidade de falar e escrever merda e ainda dar uma de futurólogo alarmista, o que o ajudou a fazer sucesso em solo norte-americano.

Carnal vê de cima o fenômeno. Critica, por exemplo, a falta de especialização entre os praticantes da cropomancia. “Nunca, fora dos países comunistas e fascistas, viu-se tão maciça uniformidade”, revelou. De fato, quase todos os praticantes usam o mesmo método: mandam o cliente defecar em um vaso sanitário especialmente preparado e depois, olhando o desenho formado pelas fezes, adivinham o futuro. Carnal tem um método próprio: além de olhar o formato, cheira e prova o cocô de cada um que entra no consultório. Acha que esta interação aumenta sua capacidade de ver o futuro. Por isso, reclama da mesmice do mercado:

“Todos os espaços foram ocupados, todas as brechas preenchidas, todas as possibilidades de contestação genuína eliminadas ou substituídas eficazmente por disputas menores entre os sócios do clube”.

Nos EUA, Rather perdeu o emprego, a vendagem dos grandes jornais caiu assustadoramente, o “New York Times” foi obrigado a se desdizer muitas vezes. Tudo por causa da cropofilia. Aqui, porém, o autor de calúnias assombrosas contra os praticantes desta modalidade é cumulado de prêmios e os mentirosos mais notórios são incensados como guardiões da probidade jornalística, enquanto a simples exigência de um confronto eqüitativo é condenada como fanatismo de “porcalhões” e prova cabal de “mau gosto”. O direito de manusear cocô, neste país, já não significa nada.

***

Não deixem de ler “Cuba: A tragédia do cocô”, de Penico Barroso (Literalis Editora, Porto Alegre).

# alexandre rodrigues | 15 de fevereiro Comentários (2) | TrackBack (0)


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