| ![]()
« |
Home
| »
Buenos Aires, White Stripes, Van Gogh O sujeito está andando em Buenos Aires, já muito satisfeito por voltar à cidade depois de seis anos, e descobre, vendo o cartaz colado numa vitrine de loja, que haverá um show do White Stripes em dois dias. Pensa: "Não vai ter ingresso. E se tiver, é caro demais. E ainda uma fila imensa para comprar". No dia seguinte vai ao Luna Park, local da venda, e descobre que há ingressos. E que estes custam o equivalente a cinqüenta reais. Não há filas e a ida ainda rende um passeio por Puerto Madero, que fica em frente. Pensa então: "Deve ser uma merda de lugar. Vou ver o show de longe, cansado, várias horas em pé, estou velho demais para isso, saco, etc". Aí, chegando ao Luna Park, descobre que, embora o público seja grande, esteja onde estiver o palco fica sempre perto. E que, apesar de ter chegado em cima da hora, há lugar para esperar sentado o início do show. Sim, no sábado à noite vimos o White Stripes. Jack White toca, além de guitarra, alaúde, metalofone, piano e órgão. A Meg, bateria e sintetizador. O palco, as roupas (todos os roadies usam terno de mafioso. Alguns, chapéu), até os instrumentos são vermelhos ou pretos. O show é muito, muito melhor do que eu esperava. O show dos anos 70 que eu nunca pude ver. Várias vezes eu e a Luzia nos demos conta, chocados, que tudo aquilo é feito por apenas duas pessoas. Há uma cover de Jolene, música de discoteca, outra de Second Rules, rock cafona setentista, coisas ruins no original, perfeitas com os White. Em muitos momentos me lembrou o show dos Black Crowes em 96, que também foi espetacular, porém se o som remete aos anos 70, não há no Jack a afetação do Chris Robinson. E no final o cara ganhou o coração dos argentinos: "Eu queria vir ao hemisfério sul, conhecer Venezuela, Costa Rica, Colômbia e Buenos Aires. Meg me disse 'Jack, lá ninguém vai querer nos ver'. Outros me disseram 'Não vão. Na Argentina eles não têm dinheiro'. Vocês estão aqui". Horas antes, pela primeira vez na vida, havia estado diante de um Van Gogh. E de quadros de Degas, Tolouse Lautrec, Matisse, Monet, Manet e Gauguin. E de O Beijo, do Rodin. Até mesmo do Abaporu, que achamos bonito. Um dia perfeito. Perfeito. Perfeito. Perfeito. # alexandre rodrigues | 30 de maio Comentários (10) | TrackBack (0) |
|