|
« |
Home
| »
LONDRES - A Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipe de técnicos ao Brasil para verificar de perto um fenômeno que está sendo considerado mais ameaçador do que a gripe do frango para a população do planeta. Ao contrário da doença das aves, cuja vacina será testada em breve, ainda não há cura à vista para a grande infestação recente de pessoas chatas com opinião formada sobre tudo (Pechapofosotu). Nas últimas semanas o Brasil sofreu um grande surto de Pechapofosotu. Um referendo a respeito do comércio de armas tornou-se um assunto insuportável para o resto da população depois que entraram em cena as Pechapofosotu. Como em todos os casos em que foram detectadas, as Pechapofosotu usaram seu famoso modus operandi, temperando qualquer debate com acusações, estatísticas e apelos aos direitos da pessoa humana ou aos bons sentimentos. Ao mesmo tempo, punham as mãos nos ombros dos interlocutores, cutucavam e cuspiam enquanto falavam. De acordo com a OMS, as Pechapofosotu são uma mutação genética, produzida pelos laboratórios do Centro para a dissseminação da chatice na sociedade contemporânea (Cedichasocu), organização com sede em Berna, na Suíça, que, como é do conhecimento geral, é a cidade mais aborrecida do mundo. Décadas atrás, decididos a transformar o mundo inteiro numa Suíça - país eleito, pelo Índice de Chatice Humana (ICH), o mais tedioso do mundo - os dirigentes do Cidichasocu clonaram alguns locais, legítimos defensores de atitudes chatas, como fazer plebiscitos a respeito de tudo. Na última vez, por exemplo, os habitantes foram instados a decidir se o primeiro-ministro, Pierre Nestlé, deve ou não usar calças listradas nas cerimônias oficiais. O Compêndio detalhado a respeito das Pechapofosotu é a publicação mais moderna sobre o problema. Ensina, entre outras coisas, a identificar uma Pechapofosotu. Numa discussão, uma Pechapofosotu cedo ou tarde brindará o interlocutor com argumentos como "globalização cruel" e "política econômica neoliberal", se for uma Pechapofosotu de Esquerda (Pechapofosotuda) ou "É, bom é na China que..." ou ainda "Cuba" e "Fidel Castro" caso se trate de uma Pechapofosotu Reacionária-Liberal (Pechapofosoturela), espécie que era minoria mas vem se disseminando numa velocidade impressionante. Tempos atrás, elas costumavam ser encontradas apenas na seção de cartas dos jornais, mas nos últimos anos a internet revolucionou o modo das Pechapofosotu se comunicarem. Hoje em dia Pechapofosotu que é Pechapofosotu sempre tem um blog. Algumas, mais arcaicas, continuam enviando cartas aos jornais, porém as Pechapofosotu modernas gostam mesmo é de criticá-los. Mas não se trata, como deveria se esperar, de um estudioso de qualquer espécie. Na tentativa de ter uma opinião formada sobre tudo, uma Pechapofosotu raramente aprende sobre qualquer coisa além do trivial, o que não a impede de assim mesmo manifestar opiniões, mesmo que na verdade seja a opinião de outro. - Eu nem ia atirar - revelou o assaltante, mas não agüento mais ouvir falar em Zaratustra. O bebedouro continua quebrado. # alexandre rodrigues | 22 de outubro Comentários (1) | TrackBack (0) |
|