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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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Se tenho escrito pouco por aqui, a razão é de não ter muito o que dizer nos últimos dias, mas também é pelo ombro ter começado a doer mesmo sem eu usar o computador. A dor insistente me levou a um especialista, que decidiu operá-lo, o que deverá ocorrer até o final do mês. Por enquanto estou na mão do plano de saúde, que, por considerar que o meu caso é de acidente de trabalho (lesão causada por esforço repetitivo), cria todas as dificuldades possíveis para liberar qualquer tratamento.

Mas pelo menos ando lendo mais. Li a tradução do sr. Pellizzari para o Rum . Bela surpresa, mostrando que, acima do hype, o sr. Thompson sabia fazer ficção.

Foi uma leitura rapidinha A qualquer preço, de Georg M. Oswald. Apesar de ter recebido o Prêmio Internacional de Frankfurt de 2000 e dos elogios que a Companhia das Letras faz ao autor, achei fraco. O único mérito do livro está nas reflexões do personagem a respeito do dinheiro e do trabalho, além da ótima frase "Quem precisa de ajuda não merece o ar que respira", que repete o tempo todo na primeira metade, mas a boa impressão fica apenas no início. Depois o livro escorrega para uma história policial meio boba.

Também consegui ler o Voláteis. Romance policial não é muito da minha preferência hoje em dia, mas os parênteses fazem o texto fugir da narrativa comum.

Mas o melhor de todos está sendo Do assassinato como uma das belas artes. Comprei uma edição antiga da L&PM três anos atrás e deixei na estante até o carnaval. De Thomas De Quincey eu conhecia apenas o Confissões de um comedor de ópio. Este é superior, embora a leitura exija muita atenção. O livro até a metade foi a transcrição de uma palestra feita numa sociedade que cultua assassinatos. Há muitas notas de pé de página e referência farta a filósofos e assassinatos desde a antiguidade que conduz a trechos sublimes, como os reproduzidos no post abaixo.

Não é bem uma narrativa, mas um relato de casos, com os quais De Quincey aproveitou para ironizar alguns ilustres, como Thomas Hobbes, ao mesmo tempo chamado com reverência de Leviatã e descrito como um velho medroso. Imagino que um livro que descreva as mortes de reis como obras de arte deva ter sido execrado na Inglaterra vitoriana, mais que o texto muitas vezes beira o humor. Tem me agradado.

# alexandre rodrigues | 6 de março Comentários (0) | TrackBack (0)


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