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macanudo.jpg

O que ainda há para falar da viagem é que nesta não houve a barbada de topar de repente com um show do White Stripes (que, aliás, ocorreu exatos 365 dias atrás), mas isso foi honrosamente compensado pela descoberta do Liniers. Ele publica no La Nación uma tira, Macanudo, com um humor surreal e bastante refinado, como dá para perceber no trabalho aí de cima. Adquirimos felizes as edições 1 e 2 do Melhor do Macanudo por módicos quinze pesos cada numa livraria ao lado da Ateneu e saímos felizes pela noite fria da Santa Fé.

A outra descoberta digna de nota é o jornal El Barcelona, responsável pela restauração da minha crença no jornalismo como opção profissional. Trata-se de um tablóide semanal que supostamente publica notícias reais como se fosse o Planeta Diário. Na semana retrasada, os leitores foram brindados com a seguinte manchete:

"E AGORA DIZEM QUE SÊMEN ENGORDA".

Na edição que comprei, a capa é menos engraçada, "AGORA DIZEM QUE MAOMÉ ERA JUDEU", mas uma matéria interna salva a semana. Um padre foi preso depois de apalpar uma mulher no trem. O título da matéria: "ELA TINHA OS SEIOS PEQUENOS E O CABELO CURTO. PENSEI QUE ERA UM GAROTINHO".

E numa edição antiga qualquer noção de realidade não tem a menor importância diante da absurda notícia. O jornal era de fevereiro do ano passado e trazia uma foto de João Paulo II na fase terminal, com o rosto completamente contraído e sem expressão, e de uma americana bastante famosa na época. Com um gigantesco humor negro, a manchete daquela semana foi simplesmente essa:

"O CASAMENTO DO ANO. PAPA PODE LARGAR SUAS VESTES PARA SE CASAR COM TERRI SCHIAVO".

Havia ainda a Cow Parade, uma exposição de vacas de resina em tamanho natural que são decoradas por artistas locais. Naturalmente, tudo muito feio e com uma horrível escolha de cores. Se trata de um evento repetido em várias capitais do mundo. Depois de pintadas, as vacas são vendidas em leilões beneficentes. Mas em Puerto Madero também havia uma vaca sem nenhuma pintura, do mesmo tamanho que as outras. Tinha sido levada para um protesto no Comedor Popular, um restaurante que vende refeições por um peso, para denunciar a hipocrisia do evento. Ao mesmo tempo em que sedia a Cow Parade, Puerto Madero vem tentando expulsar o restaurante, único da região destinado a visitantes de baixa renda. Na lojinha da Cow Parade (não podia faltar uma lojinha, certo?), além do mais, tudo é um absurdo de caro e as únicas miniaturas de vacas à venda saíam por cento e vinte pesos cada.

Desta vez houve tempo o bastante para desfrutar da cidade sem a correria de um feriadão, como nas ocasiões anteriores, e entornar baldes de expresso por dia, parando em cada café que parecia interessante. Por certo a melhor viagem que já fiz e que terminou, paradoxalmente, com uma imagem assustadora: vista do rio, a densa nuvem de fumaça preta que é o ar da cidade. Fumaça não apenas dos carros, mas também das refinarias situadas ao lado da área urbana. Uma nuvem tão gigante que se estende pela superfície do rio e chega, bastante diluída, mas ainda visível, a Colônia, no lado uruguaio.

E o Kirchner me vem falar de poluição.

# alexandre rodrigues | 28 de maio Comentários (3) | TrackBack (0)


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