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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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Queremos declarar aqui que agora o Brasil é um lugar melhor e o mundo é um lugar melhor para se viver por finalmente ter sido reeditado o melhor livro já escrito.

A primeira vez em que li Café-da-manhã dos campeões (na edição da Artenova, o título era Almoço dos Campeões, mas a L&PM resolveu usar o nome original, que faz muito mais sentido. A tradução é da Cássia) foi em 2002. Entrei em choque não só por se tratar de um livro sobre nada (dois homens vão se encontrar nas últimas páginas, isso é dito na primeira, depois não acontece quase nada e ao mesmo tempo muita coisa), mas muito mais pela simplicidade.

Kurt Vonnegut é magistral em Cama de gato, Pastelão e Matadouro Cinco, genial em Galápagos, O espião americano, Revolução do futuro e Felicidade Rosewater, só bom em Bode Vermelho e Pássaro na Gaiola, mas Café-da-manhã foi além do que se pode esperar mesmo de alguém que merece ser chamado de maior escritor vivo. A prosa é de uma absurda simplicidade, como se ele dissesse de vez em quando "olha só, escrever. Mas que fácil!".

É um genial ajuntamento de invenções felizes. Uma espécie de blog de algumas páginas escrito em 1973 abre o livro. Um costume de Vonnegut, que gostava de explicar de onde saiu a história e a quem ela é dedicada. Em vez de uma narrativa de ficção científica, uma dezena delas é contada rapidamente pelas memórias de um escritor, Kilgore Trout, um dos personagens principais - o outro é Dwayne Hoover, que vai ficar louco quando o encontrar (não é spoiler. Está tudo no primeiro parágrafo do livro). Quem já viu Ilha das Flores vai descobrir de onde Jorge Furtado tirou a idéia de contar a história de cada coisa ao falar dela.

Tudo de um jeito simples, assombrosamente simples, e engraçado. Há um clima de absurdo completo no ar o tempo todo, como uma piada que não é bem uma piada. Concordo com o Alexandre S. naquela entrevista à rádio, na parte em que ele diz que um livro deve provocar pelo menos um arquear de sombrancelhas a cada cinco ou seis páginas.

Existe uma adaptação de Café-da-manhã para o cinema, de 1999, mas é fraquinha. Só vale a pena porque daí em diante Dwayne Hoover passa a ter a cara do Bruce Willis.

Vonnegut parou de escrever ficção. Disse que a morte do irmão tirou sua vontade de continuar criando histórias. Tem um dia só para ele em Nova York, 11 de novembro, o dia dos veteranos, o mesmo que antes era lembrado como o dia da Primeira Guerra Mundial em que os combates cessaram e ninguém morreu lutando na Europa inteira por vinte e quatro horas para lembrar que ainda podiam todos ser cavalheiros. Vonnegut escreveu como um.

E, meu Deus, que final.

# alexandre rodrigues | 27 de julho Comentários (2) | TrackBack (0)


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