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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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Greg Garcia, roteirista de My name is Earl, acha que a TV se tornou mais criativa do que o cinema. Depois de cinco décadas dedicada à valorização da fórmula produção barata + maior perfil de público possível, indo de velhos a crianças, se possível, veio a revolução que barateou os programas nos anos noventa, os equipamentos de qualidade a preços acessíveis e de repente ousadia, para uma rede, já não era algo tão caro.

O fato de que o melhor programa feito nos Estados Unidos, The Office, é a versão americana de uma comédia inglesa e que os programas de maior sucesso sejam caros (CSI) ou não tão inovadores assim (Grey´s anatomy) desmente um pouco essa afirmação, mas o próprio programa de Garcia, habitado por um universo de pobretões vigaristas vivendo em quase pocilgas, entre eles Earl, que tenta compensar os erros que cometeu na vida para evitar o carma ruim, também justifica o que ele diz.

Já não dá mais para fazer como dez anos atrás, desprezar a TV como um todo e saber que não está sendo injusto. Fora The Office e Earl, há Monk, Reno 911, Bullshit assim como Arrested development até 2006. O Mojo sempre fala de League of gentlemen. Gosto de CSI e de ver diálogos diante de um crânio aberto na mesa do legista. Às vezes de Curb your enthusiasm. E tenho em grande conta o primeiro episódio de Six feet under. Twin Peaks levou uma década e meia para dar frutos, mas tanto em Six feet como em Desperate housewives há influências claras da série de David Lynch, cuja segunda temporada acaba de sair no Brasil.

Em conseqüência, acabo por ver mais TV do que devia. Por isso decidi não ver House ou Heroes. House, principalmente, parece ser boa, já que o Hugh Laurie derrotou o Tony Shalhoub em dois Globos de Ouro seguidos, mas seria mais uma hora por semana. Vou resistir mesmo depois da ida de Laurie ao Saturday Night Live, sábado, anunciando que por ser inglês o público iria ter que aturar piadas que se leva cinco dias para entender e no final das contas não são tão engraçadas assim.

Mas voltando ao Garcia, acho que ele está certo. O cinema ficou com a mão pesada desde que uma produção barata se tornou aquela que custa mais ou menos um ano de um programa de TV. A diferença é que enquanto o filme só tem uma chance de acertar, a TV pode fazer seis episódios e se não der certo, tirar a série do ar e produzir mais seis de outra idéia. A indústria do cinema continua bem sucedida em produzir grandes sucessos, como essa estréia fulminante de Homem-Aranha 3, mas já não tem mais o monopólio da criatividade. Garcia atribui o fenômeno à migração de bons roteiristas do cinema para a TV, levando consigo idéias que antes tentariam desenvolver em filmes, esbarrando em produtores, na necessidade de interessar um astro e na obrigação de faturar cem milhões de dólares para pagar os custos.

Agora fazem tudo muito mais barato, com maior liberdade de criação. The O.C, que acabou esse ano, saiu da cabeça de um pós-adolescente que jamais seria convidado a entrar em um estúdio dez anos atrás. Agora pode ser produtor.

E nada do que se disse é totalmente verdade quando se lembra do Monty Python, que custou barato e produziu isso aí embaixo.

# alexandre rodrigues | 7 de maio Comentários (5) | TrackBack (0)


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