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Tive o seguinte sonho essa noite:

Eu havia acabado de desembarcar em Porto Alegre. Era dia e fazia sol. Havia descido do avião longe do prédio e fazia o trajeto desde a pista em um daqueles ônibus que só circulam dentro dos aeroportos. Estava sentado em um banco no meio, virado para os outros passageiros.

O ônibus chegou e as pessoas começaram a descer e se dirigir ao free shop, que tinha uma entrada para a pista e era dominado pela cor vermelha. Grandes pilhas vermelhas de red label. Uma grande placa na entrada, berrando o nome de lugar. Displays de modelos simulando beijos com grandes bocas rubras. Olhava de longe, querendo me juntar a eles, quando me dei conta que estava sem sapatos.

Estou sempre sem sapatos nos meus sonhos, mas isso não costuma atrapalhar. Há pessoas que de vez em quando sonham que estão sem calças, eu geralmente estou sem sapatos, mas de meias. No entanto, desta vez, porque estava sem eles, fui levado de ônibus até a Rua Sete de Setembro e desembarcado. Não houve nenhum aviso ou reclamação sobre minha falta de calçados. Antes que pudesse descer, o motorista pôs o ônibus em movimento, dirigiu em silêncio por cinco quilômetros ou mais e então parou.

Vestia camiseta branca e sentia gelada a pele do rosto. Fazia o frio das manhãs. Os carros passavam devagar e sem buzinar. Atrás de mim, uma mulher dizia para alguém: "Tenho pensado sem parar em você". Tinha a voz de quem diz grandes verdades.

Me encontrava diante de um lugar que conheço bastante, uma pequena villa de estilo espanhol na Rua Rivadávia, ao lado do hotel onde ficamos na primeira vez em Buenos Aires. Quatro ou cinco casas que se ajeitam com harmonia umas sobre as outras, pintadas todas de branco. Escadas sobem em forma de arco nos dois lados do pátio de entrada, deixando no meio uma clareira onde árvores e plantas se infiltram em busca da luz que entra pelo alto, sem nenhum telhado.

Estou sempre misturando os lugares. Minhas meias estavam imundas.

# alexandre rodrigues | 20 de julho Comentários (1) | TrackBack (0)