Chocolate quente
Adiei o Projeto Chocolate Quente durante todo o inverno. Mesmo com o bafo e quase 30 graus de uma sexta-feira em Porto Alegre, decidi levar adiante a primeira experiência. Fui motivado por um resto de leite na geladeira e quilos de chocolate no armário.
Parti de uma receita do chocolatier francês Pierre Hermé, publicada por Jeffrey Steingarten em seu Deve ter sido alguma coisa que eu comi. Consistia no seguinte, para quatro xícaras:
— 2 1/4 xíc. de leite integral
— 1/4 xíc. de água mineral sem gás
— 1/4 xíc. de açúcar granulado superfino
— 100g de chocolate meio-amargo Scharffen Berger, Valrhona ou Lindt, fatiado fino com uma faca de cortar pão
— 1/4 de xícara de cacau em pó [28g], de preferência Varlhona
Bem, só tinha em casa uma xícara de leite e de qualquer maneira era tudo que ia beber. Nem conheço as marcas Scharffen Berger e Varlhona. Além do que, francamente, se tivesse uma barra de Lindt em casa, comeria pura. Fui de meio-amargo Lacta e cacau em pó Garoto. Também não prestei muita atenção às quantidades, porque estava sem saco de fazer cinco regras de três para transformar os números para apenas uma xícara de chocolate quente. Foram quatro quadradinhos do chocolate e quatro colheres de chá do cacau.
As instruções envolvem misturar o leite, a água e o açúcar em uma panela e deixar ferver em fogo médio. Obviamente, na primeira oportunidade em que virei a cabeça, o leite ferveu e derramou. Após limpar o fogão, segui com as diretrizes: juntar o chocolate picado e o cacau em pó após a primeira fervura, deixar ferver de novo e mexer até tudo se dissolver, em fogo bem baixo. Na verdade, desliguei o fogo. Depois, cinco minutos batendo tudo com uma batedeirinha manual, ou meio minuto no liquidificador.
Ao terminar os cinco minutos com a batedeirinha manual, percebi ter esquecido complemente do açúcar. Tanto melhor, porque já ficou bem doce somente com o cholate. Difícil é ficar com a mão cinco minutos no vapor quente. Mas valeu a pena, para minha própria surpresa. Notem, na foto acima, o modo como as gotas que caem na xícara se espalham devagar, devido à densidade da espuma — se conseguirem, pois a câmera é ruim de zoom.
Ao ler a receita, estranhei a água entre os ingredientes, mas ao tomar o primeiro gole, tudo fez sentido. Com um pouco de água, o chocolate quente fica muito mais leve. Em linguagem gaudéria: não embucha. E foi o chocolat chaud mais delicioso que já provei, mesmo tendo errado toda a receita. Parece que encontrei um bom processo, agora basta variar os ingredientes.
Marcelo Träsel | 30.09.2005, 18:04 | Comentários (4) | TrackBack (0)