« Calda de café | Montando uma cozinha pra dois | Sanduicheira »

Montando uma cozinha pra dois

ATENÇÃO: Este blog se mudou. O novo endereço é www.trasel.com.br/garfada

Cada vez mais as pessoas deixam pra ter filhos mais tarde e, mesmo assim, continuam juntando as escovas de dente no meio tempo. Iniciar uma vida a dois costuma ser bacana, montar apartamento, escolher móveis, pendurar quadros e prateleiras, organizar livros e mídias, this kind of crap. Diversões domésticas que fazem a alegria dos pombinhos e dos donos de empórios de móveis.

Resolvidos os problemas de encanamento, acertado onde ficarão os móveis, você se pega olhando para a cozinha e pensando que, ei, vamos passar pouco tempo aqui, mesmo, pra quê diabos a gente deve se preocupar com isso? Afinal a gente sempre come fora, etc., etc. Mas a verdade é que uma das coisas mais legais a se fazer nessa nova vida a dois é receber os amigos, preparar algum rango, tomar vinho e falar bobagem enquanto se cuida a panelada no fugão. E, pra isso, uma cozinha simples, mas funcional, e cheia de truques bacanas faz toda a diferença. E chega a hora de brincar de casinha de verdade com a (o) sua (seu) significant one.

Mentalidade hippie não combina com cozinha gostosa

Um dos maiores e mais deprimentes descuidos de todo casal novo é o fogão. Geralmente é assim: Você ganha relativamente bem, tem sua vidinha resolvida, quer um fogão? Pega a sua (seu) mui amada (o) metade da laranja pela mão, vai às casas Bahia mais próxima e compra um bom seis bocas da marca Dako igualzinho ao da sua mãe, certo? Pode ser que não: Até as paredes de azulejo da sua nova cozinha sabem que a comida feita num fogão à lenha é mais gostosa. A comida esquenta de uma forma diferente e fica aquecida por mais tempo num deles.

Então talvez seja a hora de abandonar de vez essa mentalidade hippie e anos 60 e imitar seus avós: Equipar a cozinha com o que há de mais parecido com um fogão à lenha nos dias de hoje – um fogão industrial de duas ou quatro bocas, de preferência com forno. Pelo mesmo preço de um fogão genérico de seis bocas você põe na sua cozinha um equipamento industrial que vai fazer até o seu arroz de carreteiro ou omelete apressado parecer comida de gourmet, sem onerar muito a mensalidade do gás por isso.

E por que oneraria pouco? Porque normalmente os alimentos, apesar de expostos a mais fogo que num fogão comum (e, portanto, consumindo mais gás) cozinham sensivelmente mais rápido num fogão industrial. Além disso, com o ajuste correto da vazão, é possível preparar alimentos que requereriam forno diretamente no fogo do seu fogão. Outra coisa impressionantemente legal é o fato de que, se seu fogão industrial tem forno, você poderá fazer pães e outras receitas menos comuns envolvendo farinha de trigo, coisa que jamais sai bem num forno de fogão comum.



Exemplar da raça Fogão Industrial fotografado no zôo de São Paulo


Alguns cuidados para não comprar um elefante branco

Mas, atenção: Um fogão industrial pequeno numa cozinha doméstica tem vantagens inegáveis, mas é preciso observar alguns pontos para não acabar comprando um estorvo, ao invés de uma solução. O primeiro detalhe são, obviamente, as panelas. Um fogão industrial é capaz de transformar em papelão a canequinha de alumínio que você usa para aquecer a água do escalda-pés (inverno gaúcho stinks). Então, como num fogão à lenha, é preciso panelas que agüentem o tranco. Com o aparecimento desses conjuntos de panelas de Inox genéricas por menos de 300 reais está resolvida essa questão – você não estava pensando em economizar nas panelas, né, mão-de-vaca?

Você também pode optar por panelas de ferro, mas elas têm várias desvantagens em relação às de Inox. Sujam mais, são difíceis de limpar – a gordura parece gostar muito delas – são bem mais pesadas, ficam feias como o capeta com o passar do tempo. Mas, enfim, a cozinha é sua.

Outra coisa a se cuidar é a adaptação do seu sistema de gás. Em São Paulo, onde boa parte da cidade conta com gás encanado, a própria concessionária se encarrega de, na instalação, preparar a vazão certa para o seu tipo de fogão. Se você pretende usá-los com botijões de 13kg comuns (não há nenhum problema em fazer isso) é necessário especificar isto na hora da compra do fogão, para que ele saia com a configuração correta da loja.

Na minha próxima Garfada, falarei dos acessórios para essa cozinha hipotética. Sintam-se à vontade para deixar comentários educados e bem escritos. Se chamar de Caetano eu xingo de Gilberto Gil de volta. E distribuo fura-olhos.

Rico Ferrari | 9.03.2006, 20:14 | Comentários (4) | TrackBack (0)