Extremos da cozinha oriental em Sampa
Eu gosto de cozinha oriental. Não apenas isso, sou louco por ela. Sempre me desce bem o que se entende por comida chinesa por estas paragens tupiniquins. Desde que me conheço por gente, aliás. Muito criança me lembro de sempre solicitar a meu pai que fôssemos aos restaurantes chineses da Cristóvão. Quando não sei o que comer, vou a um chinês. Não apenas no Brasil mas em todos os lugares do mundo por onde passei são restaurantes bons e baratos. Com sorte, são até limpos
Sem controle, hoje fui do luxo havaianas da adidas ao lixo de higiene duvidosa na cozinha oriental.
Numa espera de atendimento hospitalar, tive ciência de um restaurante tailandês. Nunca tinha ido a um. Apenas ouvi os deslumbrados relatos de quem tinha ido ao portoalegrense Ko Pee Pee (ou algum nome assim). O fato de ser em um shopping era um ponto contra, mas como estava mesmo passando perto do local por esta manhã, resolvi dar uma conferida. Esperava gastar no mínimo uns 30 reais, então foi com agradável surpresa que encontrei sugestões do chef por uma faixa de 25. Por uma comida que nunca experimentei vale, pensei.
Ignorei o mandamento n° 1 do gourmet: no shopping, não. Equivale ao do libertino: na boca, não.
A entrada até era bem interessante, mas equivalia ao rolinho primavera de qualquer restaurante chinês melhorzinho. O prato principal era um arroz chop suey com uma jardineira de legumes e um filé mignon em cubos, evidentemente descongelados. Tenho que fazer uma ressalva ao ambiente: uma temática casa cheia de estátuas, talheres autênticos e garços trajados à caráter: evidentemente, pelo menos R$ 10 do valor da refeição foi por conta disso. Mas eu considero uma fraude um restaurante se considerar tailandês sem trazer já no preparo uma poderosa pimenta acrescentada ao prato. Menos mal que ela vêm à parte em três deliciosas versões: forte, muito forte e com alho. Mas mesmo assim, restaurante tailandês sem pimenta é perfumaria. Pau no cu dos ananases que não comem pimenta.
Para compensar o enorme gasto, na saída do meu novo emprego resolvi prestigiar um tio que faz yakisoba no meio da Paulista, na região da Consolação próxima ao Bob's. O tio é muito massa. Com uma lata de Brahma do lado, faz verdadeiros malabarismos com o wok e a espátula. Cobra R$ 3 pelo Yakisoba pequeno e R$ 4 pelo grande. A massa tem até broto de bambu e gengibre. Inacreditável.
Sou muito mais o Yakisoba de R$ 4 do que a comida tailandesa de 27 (com os 10%). Quem acha São Paulo cara é porque não sabe viver em São Paulo.