Dado Bier tem novo projeto em andamento
Semana passada publiquei uma resenha da nova linha Dado Bier. No dia seguinte, o mestre cervejeiro Alcir Palandi, consultor da fábrica, telefonou. Quando o homem se identificou, pensei "ih, vou levar uma descascada por dizer que a weiss é sem graça". Para meu alívio e felicidade, era um telefonema de agradecimento. Palandi disse que eu tinha razão e ainda me convidou para conhecer a fábrica.
Nesta terça-feira, então, fui até perto do shopping DC, onde está a operação da Dado Bier hoje.
Lá estava o próprio Eduardo Bier, sujeito muito boa-praça. Discutimos um pouco o mercado de cerveja e ele contou que fechou negócio com o shopping Total para abrir um restaurante temático no prédio da antiga cervejaria Brahma, na avenida Cristóvão Colombo. A idéia é fazer um tipo de museu histórico da cerveja no Rio Grande do Sul. Também se mostrou animado com a vitória de Yeda Crusius, porque vê nisso uma chance de finalmente construir seu empreendimento no Cais do Porto. Garante que o prefeito Fogaça é a favor.
O cervejeiro Alcir Palandi, por outro lado, explicou por que a Dado Weiss não me agradou enquanto weiss. Na verdade, foram desenvolvidas duas versões, usando dois diferentes tipos de fermento. O fermento, segundo explicou Carlos, que dirige o processo de fabricação no dia-a-dia, é um ingrediente importante no sabor final. As cepas do tipo alemão resultam em uma weiss com um gosto que tende a banana, cravo e canela — como a Bohemia Weiss. Essa não agradou muito ao público. Já as cepas inglesas remetem a maçã e frutas silvestres, um sabor mais leve, que foi o preferido nos testes. Menos malte de trigo foi usado, também.
No fundo, já suspeitava que tivessem feito uma weiss menos acentuada para agradar ao público. Muita gente reclama do sabor marcante das versões alemãs. Nada contra. Afinal, o empresário tem de vender seu produto. Se fossem seguir meu gosto particular, iriam à falência.
A parte mais divertida foi tomar cerveja direto do tonel de fermentação. Nada como uma cerveja fresca. O próprio Carlos comentou a respeito, dizendo que é um erro fazer estoque da bebida em casa. O ideal é comprar sempre o mínimo possível, para que não envelheça. Se possível, consultar a data de fabricação e ver se não está muito perto do fim da validade. Outra dica do cervejeiro é não guardar a cerveja deitada. Isso porque sempre fica um pouco de oxigênio entre a tampa e o líquido. Examine uma garrafa em pé: a área de contato do ar com o líquido é pequena. Depois deite-a e veja o que acontece. Uma terceira dica essencial é nunca gelar demais as cervejas "gourmet", como as novas Dado, ou você não sentirá sabor algum. A temperatura normal do refrigerador é suficiente, não coloque-as no congelador.
Ao final da visita, tomando uns goles com Carlos e Palandi, descobri que estão desenvolvendo dois novos tipos de cerveja. Não quiseram dizer o tipo exato, mas apurei que uma delas será escura e a outra provavelmente terá um teor alcoólico acima de 6%.