Espumantes brasileiros e champanhe
Com família visitando e grandes passeios por uma São Paulo quase deserta atrasei essa mini-resenha sobre alguns espumantes que tinha pensado em publicar ainda antes do Reveillon e o Träsel publicou a dele antes. Aqui vai:
Sempre há muitas dúvidas sobre o assunto e muito pouca informação que faça algum sentido, então a idéia aqui é concatenar alguns dados importantes sobre como escolher o espumante que se sorverá na madrugada do primeiro do ano. Ah, sim, bebedores de cerveja pulem para o post três ou quatro posições abaixo.
Seco, meio-seco ou doce?
Sim, você já sabe a resposta: seco (brut), claro, mas não custa insistir. Espumante doce ou meio-doce é tão apropriado quanto salgar o churrasco de domingo com açúcar de confeiteiro. Depois dos 12 anos de idade beber espumante doce ou meio-doce não tem desculpa.
O que é exatamente um vinho espumante e o que é um champanhe?
Champagne é uma denominação de origem controlada e refere-se, especificamente, a espumantes produzidos na região de mesmo nome na França. O controle sobre o uso do nome é tão rígido que mesmo um produtor francês de outra região que produza um espumante igual aos de Champagne não pode usar o nome "champanhe" em seu vinho.
Basicamente os espumantes - mesmo os de Champagne - são vinhos brancos fermentados uma segunda vez (geralmente) na própria garrafa. Há variações com vinhos rosé e tintos. Há um segundo método, chamado Charmat, em que a fermentação ocorre em tonéis.
Qual tipo de fermentação escolher?
Charmat ou Champenoise? Quais as vantagens e diferenças? Pois bem: o Charmat é um tipo de fermentação feita em grandes tonéis, pipas ou barricas de aço inox ou carvalho e produz um espumante muito semelhante a um espumante de verdade. Espumantes produzidos pelo método Champenoise (ou tradicional) passam pela segunda fermentação na própria garrafa, método que, conta a lenda, foi descoberto acidentalmente pelo monge francês Dom Pérignon no século 17 e que garante a qualidade extraordinária pela qual a bebida ficou conhecida no mundo.
O processo Champenoise é muito mais artesanal que o outro e, com ele, leva-se muito mais tempo para a finalização da bebida. Espumantes charmat não são uma má pedida se o orçamento estiver curto, mas há uma diferença notável no sabor e no comportamento das borbulhas (item importante nos julgamentos de qualidade), devido ao tipo de fermentação.
Varietais usados?
Na região de Champagne se usa principalmente os varietais chardonnay como base e pinot noir ou pinot meunier para o corte. Em algumas champagnes se usa os varietais arbanne, petit meslier, pinot de juillet, pinot gris vrai, pinot rosé e pinot blanc vrai para cortes diferentes no sabor da bebida.
No Brasil se usa principalmente o chardonnay como vinho base e pinot noir ou riesling itálico para o corte. Algumas vinícolas (a Don Laurindo, em especial) experimentaram outros varietais como o malvasia de candia (italiano) para a base ou para o corte com resultados excelentes.
Devo agitar a garrafa antes de abrir?
Nunca. Nunca mesmo. Você não é piloto de Fórmula 1, é? Além disso, se o espumante for agitado antes de abrir, perderá grande parte do gás antes mesmo de ir para a taça.
Temperatura para servir?
De 6 a 10 graus. Nada de congelador.
O que é, diabos, um prosecco?
É um espumante feito com a uva de mesmo nome, originária de Trieste, Itália. Não morro de amores por proseccos, mas melhor estes que cerveja.
Quais os bons espumantes brasileiros?
Champenoise:
Salton Évidence, Miolo Brut, Don Laurindo Brut (meu preferido), Espumante Brut e Espumante 130 Anos (Casa Valduga), Aurora Brut Champenoise, Don Giovanni Brut, Cave Geisse Brut, Chandon, Marson Brut.
Espumantes Charmat:
Georges Aubert Extra Brut Reserva, todos da vinícola Aurora menos o citado acima, Salton Volpi Brut, Salton Brut Tradicional.
Como evitar a ressaca?
Não misturar com outras bebidas, principalmente cerveja, comer bem antes e não beber espumante doce ou meio-doce, principalmente. No Natal derrubamos três garrafas entre três adultos, zero mal-estar no outro dia.
E você, quais espumantes vai beber, Rico?
Pois é, dos citados, Miolo Brut e Salton Reserva Ouro. Poderia ser qualquer outro da lista.
Ainda há tempo de salvar o seu reveillon. Salut.
Rico Ferrari | 28.12.2006, 0:06 | Comentários (26) | TrackBack (0)