Banha de porco
No último ano, tenho usado banha de porco para quase todas as atividades de refogamento, fritura e grelhamento em minha cozinha. Só não uso para pratos em que o sabor de algum vegetal precise ser ressaltado acima dos outros, caso em que prefiro óleo vegetal ou azeite. Posso atestar aos caros leitores: banha funciona muito melhor do que manteiga, óleo de soja ou -- ugh! -- margarina. A banha atinge rapidamente uma temperatura boa para fritar e, depois de se dissolver, cria uma película duradoura sobre o metal, que não sai tão fácil com o raspar da colher. Por esse mesmo motivo, pode-se usar menos banha do que azeite ou manteiga. Outra vantagem é que dá menos cheiro do que outras gorduras e ainda dá um sabor especial de carne ao arroz, por exemplo.
Muitos leitores podem torcer o nariz a essa sugestão. Um motivo seria o simples nojo ao pensar na maneira como a banha é produzida -- para quem não sabe, trata-se do óleo filtrado obtido ao se cozinhar a gordura do porco, solidificado ao esfriar; a pele que sobra é o que chamamos de torresmo. Minha resposta a isso é: procurem saber de onde vem a margarina. Outro motivo é a saúde. A banha de porco supostamente faz mal. Entope as veias, aumenta o colesterol, aquela lengalenga de sempre. A primeira resposta a isso seria: procure saber mais sobre a margarina, que os médicos nos venderam por décadas como uma alternativa saudável. A segunda resposta é: a banha em si não faz mal. Se você usa uma colher de sopa de banha para preparar seu arroz, não é isso que vai causar um infarto. O que causa infarto é comer um monte de produtos industrializados lotados de gordura vegetal, sal e açúcar, é o fast-food, são os doces. Arroz com feijão e bife, por mais que sejam preparados com banha em vez de óleo de soja, dificilmente levam a uma doença grave. O que faz mal é não saber equilibrar a alimentação.