Arte e cozinha
No sábado passado, fui à primeira edição do Mesa de Cinema no Santander Cultural. A idéia é simples: as pessoas vão lá, assistem a um filme que tenha a gastronomia integrada na trama principal, depois um chef prepara um almoço baseado nas receitas que aparecem. O filme foi o ótimo Uma receita para a máfia, do diretor Bob Giraldi. Já a cozinha do restaurante Moeda foi comandada pelo chef Jorge Nascimento e uma equipe de alunos do curso de gastronomia da Unisinos.
O foco deste blog é comida, então sobre o filme vou dizer apenas que é bastante instrutivo para quem quer conhecer o funcionamento de um restaurante. Isso porque o diretor usou o próprio restaurante, o Gigino, em Nova York, como locação. Na tela, três pratos têm proeminência: lagostas ao molho de baunilha, filé à fiorentina e uma sobremesa de chocolate. A vida imitou a arte e comemos lagostins ao molho de baunilha e champanha, filé à fiorentina e torta de chocolate como sobremesa.
O coquetel de entrada, servido antes do filme, oferecia pão italiano com caponata e penne ao molho de tomate com manjericão e o que me pareceu ricota, servido em xícaras de cafezinho. Uma referência à comida italiana tradicional, que aparece no filme quando Danny Aielo fica comparando a cozinha contemporânea de seu filho, cozinheiro no restaurante, e aquela servida por sua falecida esposa. Só não consegui encontrar uma referência muito clara para a entrada de alcachofras com purê de alho, embora algumas alcachofras tenham transitado en passant pelo filme.
Tudo estava muito bom, com destaque para o filé à fiorentina, com alecrim e manteiga de conhaque, talvez o melhor filé que já comi. Um medalhão muito macio com o tempero totalmente integrado à carne. A torta de chocolate da sobremesa era recheada com um creme de chocolate amargo perfeito. Fizemos alguns elogios ao chef e conseguimos uma rodada de sobremesa a mais, mas não contem para ninguém. Só peço licença a Jorge Nascimento para afirmar que a minha caponata é melhor. Toda essa comilança foi acompanhada por espumante rosé e vinhos brancos e tintos da Miolo. Achei bastante bom o espumante rosé brut. Já sobre as outras bebidas não tenho muito a dizer, estava já meio alto demais para avaliar.
Esse festival todo custa R$ 75. É bastante dinheiro, mas não é caro, de forma alguma. Experimente fazer o cálculo de quanto custaria um ingresso para o cinema no sábado e mais um jantar com bebida a rodo no, digamos, Chez Phillipe. Fiquei bastante surpreso ao ver que estava cheio, apesar de ser um sábado de feriadão. Então, quem quiser ir à segunda edição, no dia 19 de maio, deveria comprar o convite com alguma antecedência. O chef será Gérard Durand, do Le Bateau Ivre.