Chili con carne
O que fazer quando você é convocado para alimentar 12 pessoas num domingo frio do inverno gaúcho? Apelar para o chili con carne. Não há quem não goste de feijões no Brasil, nem de um prato quente no inverno. Além disso, o chili rende bem, exigindo pouco esforço na cozinha e quase nenhuma necessidade de dividir a atenção em várias frentes, como costuma acontecer nos pratos complexos. Com um pouco de bom senso, qualquer um faz um chili con carne aceitável.
A definição do prato é "um cozido feito inteiramente com carne, pimentão ou páprica (ou ambos), incluindo feijões conforme a região nos Estados Unidos". É um prato típico dos pioneiros do Oeste e provavelmente tem origem mexicana em sua versão mais básica, apenas carne e pimentões. Encontrei várias receitas diferentes e até díspares, então acabei pegando algumas dicas da Elvira e outras da BBC e criei minha própria forma de preparar.
Acho que para a primeira tentativa com um prato tive um resultado ótimo -- não sobrou quase nada, então os comensais do evento provavelmente concordam. Uma menina disse que acertei bem na dose de coentro, tempero que estava usando pela segunda vez. Se não me falha a memória, foi a quarta ou quinta vez que preparei feijões. Parece que estou ficando bom nesse negócio de cozinhar. Ainda bem, porque testar um prato principal pela primeira vez com convidados é uma temeridade.
CHILI CON CARNE
A grande vantagem do chili é que pode ser preparado em várias etapas e até mesmo fica melhor se você fizer um dia antes e apenas esquentar quando for servir. Em todo caso, comece escolhendo o feijão e deixando de molho de um dia para o outro, na maior caçarola que tiver. Comece a cozinhá-los pelo menos duas horas antes do momento em que pretende servir, apenas com o dente de alho esmagado e um pouco de sal.
Enquanto o feijão cozinha, vá preparando o chili propriamente dito. Pique o coxão de dentro em cubos de mais ou menos um centímetro de lado, pique as cebolas, pique o pimentão. Aqueça óleo ou manteiga em uma panela de ferro grande, ou numa boa panela de aço, e comece refogando as cebolas. Dê algumas reviradas e então acrescente três ou quatro colheres de sopa de cominho moído e o cacau -- ele serve para "dar liga" no chili e ainda confere uma cor exuberante (obrigado pela dica, Elvira). Em seguida, refogue o coxão de dentro e depois a carne moída. Acrescente o pimentão, refogue mais um pouco e então ponha os tomates na mistura.
Salgue e deixe cozinhar por 50 minutos, mexendo de vez em quando. Você precisa obter um chili como esse da foto aí ao lado. É nada mais, nada menos que o chili clássico e pode ser comido assim mesmo, se quiser, apenas terminando de temperar com coentro, manjerona e pimenta e cozido por mais uns 5 a dez minutos. Nesta etapa, você também pode parar com tudo e retormar mais tarde ou no dia seguinte.
O próximo passo é juntar o chili ao feijão já pronto. O cuidado a tomar é ter deixado evaporar a maior parte da água do cozimento dos feijões. Este prato não deve ficar como o feijão que comemos todo dia em cima do arroz, precisa ser mais denso. Enfim, derrame tudo dentro do feijão, acrescente o coentro picado, a manjerona fresca, a pimenta do reino, corrija o sal e cozinhe por mais dez minutos. Se achar que ficou muito fraco, adicione um pouco mais de cominho ou de páprica picante, mas seja parcimonioso.
Pode-se servir o chili com arroz, pão ou tortilla, mas eu prefiro comê-lo puro, apenas com algum molho de pimenta bem forte. Se quiser impressionar, retire o miolo de um pão italiano e recheie com o chili. Finalmente, uma dica: esse é o tipo de comida que fica ainda melhor no dia seguinte.