Cadê a comida baiana?
O Sérgio Lüdtke, editor do ClicRBS, levantou uma gorda lebre no Cookies, o blog de culinária do portal gaúcho: a pobreza gastronômica de Porto Alegre. Especificamente, ele se refere à falta de um bom restaurante baiano. De fato, a não ser pela banquinha de acarajé e tapioca que uma baiana gerencia no Brique da Redenção, não há onde comer xinxim de galinha, vatapá ou caldinho de sururu que preste na capital.
Isso é um absurdo, até porque a culinária baiana, junto com a amazônica, é uma das poucas dignas de ser considerada como um tipo específico de cozinha no Brasil. O arroz de carreteiro e o churrasco que me desculpem, mas a cozinha gaúcha, ou a paulista, ou a carioca, são apenas culinária européia adaptada aos ingredientes locais. Mesmo a feijoada existe na França, feita com pato e feijão branco (o cassoulet, para quem não sabe). O resto das preparações é muito parecida. É claro, a cozinha baiana vem na maior parte da África, e eu não conheço a África para opinar, mas parece que na mistura dos escravos com portugueses e as pimentas locais nasceu uma visão bem diferente de como preparar comida. De qualquer modo, a cozinha baiana parece muito mais bem estruturada do que qualquer outra do Brasil, talvez até por ser a região mais antiga do país.
Quanto à cozinha amazônica, que usa ingredientes indígenas, sua posição como uma culinária diferente da de qualquer outro país é evidente.
É um absurdo que em Porto Alegre, uma das cidades mais ricas do país, não exista um bom restaurante baiano ou amazônico. Aliás, a capital gaúcha oferece, numa análise feita com muito boa vontade, uns três ou quatro restaurantes realmente bons. Freqüentemente comento com meus amigos que essa cidade é o pior lugar do mundo para se ter dinheiro, porque não existe onde gastá-lo. Se fosse milionário, teria de ir até São Paulo para poder viver como um, fechando uma excelente refeição no Fasano com uma dose de conhaque Henessy ou algo assim (R$ 900 a dose). O problema é que os comensais porto-alegrenses se contentam com qualquer porcaria, desde que seja servida na Padre Chagas.