Nostalgia do pistache

Não existe um sorvete de pistache que preste em Porto Alegre. Hoje mais uma vez tentei encontrar o sorvete, na Troppo Buono. Mais uma vez, recebi algo com um sabor de perfume que vagamente lembra esse tipo de castanha. A consistência do produto da Troppo Buono é ótima, e por trás do ranço de perfume francês se vê que os ingredientes são bons, mas o pistache deles é deprimente como o de qualquer outra sorveteria -- embora o morango seja ótimo, com pouco leite e sabor de verdade da fruta.

Adorava o sorvete de pistache da saudosa Prawer, quando criança. Posso até estar enganado por anos de distância, mas não lembro de nenhum gosto de perfume no pistache. Se alguém tiver uma indicação de sorveteria que tenha resolvido esse problema, por favor deixe nos comentários.

Marcelo Träsel | 28.02.2008, 22:25 | Comentários (12)

Tastespotting

Bonito.

Marcelo Träsel | 26.02.2008, 15:11

Conhecendo o outro lado do balcão

Volta e meia insisto no quanto é difícil e caro manter um restaurante, como forma de justificar preços que parecem absurdos quando impressos num cardápio. O blog Gestão de Restaurantes mostra o outro lado do balcão. Pode ser interessante para quem costuma comer fora por diversão.

Marcelo Träsel | 26.02.2008, 13:44 | Comentários (1)

"Fuck Grapefruit"

fuck_grapefruit.png

Do xkcd.

Cisco | 25.02.2008, 12:23 | Comentários (2)

Bifão no Outback

Ontem finalmente consegui experimentar a comida do Outback, uma franquia de steakhouses que se aproveita da aura de macheza, ruralidade e informalidade da Austrália. Outback é como os australianos chamam o sertão do país, que é coberto por uns 80% de terras áridas.

Pedimos blooming onion (R$ 20) e Rockhampton Rib-Eye (R$ 35). Como entrada, recebemos um pão integral que é cortesia da casa, com molhos de nata e de mostarda com mel. Tudo excelente. O pão é meio doce e incrivelmente macio para um pão integral. A cebola gigante empanada é bem sequinha e macia, acompanhada de um molho bem apimentado e temperado -- de fato merece a fama. O rib-eye talvez seja o melhor bife que já comi em restaurantes. A carne cede à faca mais facilmente do que manteiga fora do gelo e é cozida no ponto exato, crocante por fora, mal-passada por dentro.

Em resumo, o Outback é caro, mas vale o preço. Só o que estraga um pouco é o atendimento. Os garçons aparentemente são orientados a forçar uma informalidade que pode até fazer sentido nos Estados Unidos ou na Europa, lugares onde as pessoas mantém distância, mas é desnecessário no Brasil. Nossa atendente veio se apresentar com entusiasmo excessivo e tive de me segurar para não responder algo como "desculpe, senhorita, mas prefiro não socializar com os serviçais, limite-se a anotar meu pedido". Ao final, pensei em pedir a famosa sobremesa Cinnamon Oblivion, mas a garçonete não perguntou a todos se estavam satisfeitos e foi correndo buscar a conta.

No fim das contas, duas pessoas comeram bem por R$ 60, incluindo um chope grande e um pequeno. Um prato por casal, mais a cebola dividida por quatro pessoas foi o suficiente.

OUTBACK STEAKHOUSE
Shopping Center Iguatemi
Av. João Wallig , 1800 Loja 2252
Telefone: 51 3381-6609

Marcelo Träsel | 21.02.2008, 13:46 | Comentários (23)

Alguns mitos da cozinha desmistificados

Mark Bittman evidencia a falsidade de seis mitos culinários na seção de gastronomia do New York Times. Os leitores aproveitaram para acrescentar alguns no espaço para comentários. Os que já tinha ouvido são:

  • "Selar a carne preserva a maciez": Conforme Bittman, tostar a carne antes do cozimento melhora o sabor, mas não impede que o líquido se esvaia.

  • "Não lave cogumelos, porque absorvem água": Verdade em parte. Lavar os cogumelos em água corrente não faz com que absorvam água, mas deixá-los de molho é desaconselhável. O pincel usado para espanar sujeira em lugar da lavagem, infelizmente, não espana os germes.

  • "Todo o álcool usado em cozimento evapora": Não apenas o álcool não evapora por completo, como mesmo a flambagem não o elimina por completo. Um cozimento de 20 minutos faz evaporar apenas cerca de 50% do etanol. Só não entendo por que alguém se preocuparia com isso, já que as quantidades usadas na culinária são ínfimas.

    Marcelo Träsel | 20.02.2008, 13:17 | Comentários (14)

    Segundo Bloggingchefs Anual

    Política, cozinha, concurso.

    Cisco | 15.02.2008, 13:06

    Armazém do Mar é o melhor restaurante de Garopaba

    armazemdomar.jpgFinalmente encontrei um restaurante com que vou sonhar quando estiver vencendo os 400 quilômetros de BR-101 até Garopaba, no litoral catarinense, para onde vou com certa freqüência ficar na casa da família. O Armazém do Mar serve a melhor moqueca que já comi na vida. O equilíbrio entre leite de coco e dendê no molho é perfeito e o toque de coentro é sutil. Escolhemos a versão homônima ao restaurante, com garoupa, polvo, lula, camarão e mariscos. A garoupa estava fora de série, uma consistência perfeita. O prato para dois, uma porção generosa, sai por R$ 70.

    Além disso, pedimos um filé de peixe ao molho de mel com gergelim e risoto de manga (R$ 52 a porção dupla). O risoto é gostoso e veio num ponto razoável para um restaurante, onde sempre é problemático comer um risoto all'onda. A juliana de cenoura e abobrinha italiana estava também no ponto certo de cozimento. Um prato bem executado. Para acompanhar, tomamos um vinho argentino que chamado Signos, que mistura uva chardonnay e chenin, bastante bom (R$ 36). Todo o jantar custou R$ 145, para três pessoas.

    ARMAZÉM DO MAR
    Rua Ptolomeu Bitencourt, 44 (Perto do quartel da PM)
    48 3254-4145

    Marcelo Träsel | 15.02.2008, 12:02 | Comentários (5)

    Assim não dá!

    Não param de sugir blogs humilhantes para esse aqui, como por exemplo o Panela de Cobre. Vejam só a qualidade das fotografias. A dificuldade e finesse das receitas. Cheguei lá via Supimpa, onde parei um minuto para desejar muito ter um Aerogarden ou dois na cozinha.

    Marcelo Träsel | 12.02.2008, 23:48 | Comentários (14)

    Búzios é caríssima, mas dá para achar boa comida

    Gasta-se uma Babilônia em dinheiro comendo, dormindo e se bobear, até respirando, em Búzios, famoso conjunto de praias no litoral fluminense. Porém, em geral o investimento vale a pena. O principal meio de evitar dissabores é ficar longe dos estabelecimentos da Rua das Pedras, quase todos arapucas para turistas.

    Os restaurantes da Orla Bardot -- tem esse nome porque Brigitte Bardot passou um verão por lá e até hoje a região vive dessa memória -- são tão caros quanto, mas a comida e o ambiente são melhores. Seguem impressões sobre alguns locais.

    sawasdee.jpgSawasdee -- Sim, fui até Búzios só para comer comida tailandesa. Pior ainda, nem pedi peixe: ataquei num magret de pato com curry de laranja e purê de banana. A entrada foram bolinhos de carangueijo e de salmão com molho picante. O pato e o bolinho de carangueijo eram pratos sazonais, ou seja, são servidos apenas em certa época do ano. Equivalem a recomendações do chef. O curry de laranja e o purê de banana são incríveis, mas o magret estava um pouco passado demais. O bolinho de caranguejo se saiu melhor do que o de salmão, que é muito normal. Para acompanhar, tive a boa surpresa da cerveja local Mistura Clássica Premium. O jantar custou R$ 85 por pessoa. Se for investir em apenas uma refeição, que seja no Sawasdee. Se não estiver chovendo, pegue uma mesa na rua e contemple o movimento na Orla Bardot.

    Cantina do David -- Essa casa de frutos do mar fica na rua Manoel Turíbio de Farias, 260, uma paralela à das Pedras. Serve pratos honestos de peixe, moluscos e crustáceos a preços de paraíso tropical. Comi, no entanto, uma boa caldeirada com polvo, camarão, lulas, mariscos e peixe, acompanhada de um pirão bem aceitável e um chope meio aguado. Se quiser esbanjar, há um aquário com lagostas vivas (R$ 150 o prato para dois). Os garçons estavam afobados porque já era bastante tarde, o que é péssimo. Se estavam com pressa de fechar, não deveriam nem ter nos deixado sentar. A caldeirada, acompanhada de alguns chopes, saiu por R$ 50. No cartão que me deram, há a promessa de uma caipirinha cortesia por pessoa, mas não nos serviram nenhuma.

    Sorveteria Itália -- É difícil eu não gostar de sorvete, mas deixem a suspeita de lado e ouçam quando digo que vale a pena investir R$ 5 numa casquinha com um sabor nessa sorveteria. Comi de chocolate com amêndoas e quase chorei de emoção.

    pizza_quadrada.jpgPizza Quadrada -- A R$ 3,50 o pedaço, é um dos melhores negócios gastronômicos de Búzios. Um italiano da região de Nápoles prepara pizzas que de napolitanas não tem nada, mas ainda assim merecem atenção. Provei a margherita e estava muito boa. Tenho a teoria de que, para conhecer um pizzaiolo, deve-se provar uma margherita. Se ele for competente nessa variedade, provavelmente será nas outras também. Aliás, quando perguntei qual sabor recomendava, o pizzaiolo respondeu: "eu sempre como a margherita". Podem confiar. Praticamente uma barraquinha, fica na confluência principal de Búzios, defronte à loja do Bob's.

    Se Chegue -- Restaurante medíocre na Rua das Pedras, seguindo pelo corredor ao lado da Pizza Quadrada. No primeiro dia comi lá numa turma grande, uma janta de pizza com cerveja e música ruim numa TV de plasma e aquela coisa toda. Saiu R$ 25 por pessoa, com bebidas. No entanto, esse local tem uma vista muito boa da praia. O sujeito praticamente come sentado na areia.

    ostras_tartaruga.jpgPara tomar uma cerveja honesta longe da playboizada, a pedida é o Bar Nascimento, onde tem roda de samba com nativos de verdade. A cerveja mais barata é numa birosca num beco atrás da loja do Bob's, onde se pode comprar uma long neck por R$ 2. Uma alternativa é apelar para os supermercados. Na praia da Tartaruga, o bar mais barato fica no final da orla, chama-se Raphael. Único lugar onde se encontra uma garrafa de cerveja de 600ml em Búzios, por R$ 4. Uma pechincha! Aproveite a grana que sobrou para comer uma ostra fresquinha, vendida na areia pelos nativos por R$ 2,50 a unidade ou R$ 25 a dúzia.

    Agradeço aos leitores que deram dicas de restaurantes em Búzios e me advertiram para preparar adequadamente o orçamento. Aproveito para ensinar como consegui comer em todos esses lugares. A técnica consiste em tomar café da manhã no último horário possível no hotel e encher bem a pança.

    Marcelo Träsel | 11.02.2008, 19:32 | Comentários (6)

    Cuca integral sem gosto de remédio

    Apareceu recentemente nos supermercados Zaffari de Porto Alegre a cuca integral da Alimentaria, cuja grande qualidade é não ter gosto de alimento integral. O grande problema dos produtos saudáveis é o sujeito ter consciência de estar comendo um alimento funcional a cada mordida. Dá a impressão de que ascese gustativa faz parte de uma vida com saúde. A cuca integral da Alimentaria não apenas evita esse defeito, como é muito boa mesmo se você não estiver interessado em ingerir mais fibras e sais minerais. O único problema é, como todo alimento integral, ser mais cara que suas contrapartes: custa R$ 6,50 a unidade de meio quilo.

    Marcelo Träsel | 5.02.2008, 15:24 | Comentários (11)

    Sabores avançados (para leigos)

    Independente de gostar ou não da pizzaria Fratello Sole, em Porto Alegre, recomendo-a para quem quiser provar uma sobremesa bastante interessante. Na capital mundial dos congelados lamentáveis, é um alívio saber que ainda existem estabelecimentos que preparam seus próprios doces.

    Em questão está a sopa de frutas vermelhas com pimenta e sorvete de manjericão. Um grosso caldo quente de morango, framboesa e outras berries que leva junto grãos de pimenta-rosa e uma improvável bola gelada de manjericão. O resultado é inesperado e bastante rico para o paladar. Demora um tempo depois de uma colherada para identificar cada ingrediente derretendo sobre a língua.

    Procurando receitas semelhantes, achei uma que leva ingredientes parecidos. A exceção é o sorvete, que nesse caso é de hortelã.

    Talvez seja algo bem mais comum do que pareceu. Mas, como dito, é raro encontrar algo minimamente fora do padrão por essas bandas. Cabe ressaltar que, de início, eu e meu pai nos acovardamos em fazer o pedido, restando à minha mulher manter a centelha de dignidade que ainda paira sobre nossa família. Se não fosse por ela, eu acabaria a noite apenas com o velho e provinciano petit-gâteau que, pelo que venho notando, é o novo tomate seco no lugar comum das coisas um pouco acima da média.

    Fratello Sole
    Av. João Wallig, 1800 - loja 1278 - Shopping Iguatemi
    (51) 3328-0551
    Porto Alegre - RS

    Bruno Galera | 3.02.2008, 20:23 | Comentários (5)