Tomates diferentes
No Gomestic, uma coleção de tomates russos, americanos e mexicanos de tirar o fôlego. De cara, fiquei a fim de experimentar estes russos. Krim negros? Para os mais afoitos, há sementes.
E um vídeo bônus. Dois meses na vida de um tomate:
Rico Ferrari | 28.06.2008, 16:36 | Comentários (11)
Caffè del Barbiere
Conheci o trabalho do chef Marcelo Schambeck em um coquetel do projeto Pequenas Ações Terroristas. Chamou a atenção ver que ele montava as bandejas de salgadinhos e docinhos durante o evento, de modo que tudo estava sempre fresco. Depois chamou a minha atenção a originalidade dos petiscos, bem diferentes do arroz-de-festa dos coquetéis (croquetes, empadinhas e quetais). Havia até fatias de pão integral com coalhada e brotos de rabanete, para se ter uma idéia.
Lá peguei um cartão dele e há muito tempo estou para conferir um dos almoços especiais de seu restaurante, o Caffè del Barbiere. Toda quarta e sexta, é a promessa, serve-se um menu baseado no que há de bom no mercado. Entrada e prato principal custam R$ 15. É bom chegar antes do meio-dia ou após as 13h, sob pena de ter de esperar bastante uma das poucas mesas do lugar ser liberada. Ao menos o ambiente é interessante: o café divide o espaço com uma barbearia tradicional ainda em funcionamento e adota a mesma estética. Não se preocupe, há uma parede separando os cabelos cortados de sua comida.
Ao chegar no local e ver os pratos de nhoque e sopa de algum tipo de folha verde, fiquei um tanto decepcionado. Esperava um prato de apresentação luxuosa como os das fotos. Mas logo me dei conta de que era perfeito: se Schambeck conseguisse fazer um nhoque e uma sopa de espinafre que surpreendessem, ganharia muito mais o meu respeito. É fácil agradar com pratos diferentes e/ou estrambólicos, difícil é fazer bem o básico.
E posso dizer que o chef conseguiu surpreender. A sopa e o molho de carne de panela do nhoque estavam excelentes. O maior mérito de Schambeck é não ter receio de temperar a comida. De fato, confia tanto em seu gosto que nem mesmo há queijo ralado extra, sal ou pimenta na mesa. Faz bem em confiar, porque tem bom gosto. Se dá para reclamar de alguma coisa, é que a sopa talvez pudesse ter um tiquinho menos de pimenta. Nada que prejudicasse. Para a sobremesa, pedi tiramisú (R$ 5), seguindo a mesma linha de raciocínio de testar o básico. Aí, outra surpresa: o doce italiano que sofre tanto vilipêndio no Brasil estava perfeito, numa porção individual em taça com mascarpone de verdade por cima e bastante Amaretto no fundo.
O Barbiere também oferece várias opções de sanduíches, calzones e quiches interessantes e um bom café espresso. O atendimento é simpático e o próprio Schambeck leva a comida à mesa em alguns momentos, aproveitando para perguntar a opinião dos clientes.
CAFFÈ DEL BARBIERE - Mapa
Rua Jerônimo Coelho, 188
51 3019-4202
Marcelo Träsel | 27.06.2008, 21:48
Arroz frito com legumes
Alguns dos leitores devem saber que eu já fui vegetariano, mas deixei de sê-lo devido a uma depressão profunda causada pelo mau gosto culinário das pessoas que evitam ingerir "pedaços de bicho morto". Vale a pena fazer ao menos uma visita na vida a um restaurante vegetariano, para se ver em primeira mão como é possível estragar vegetais, cereais e laticínios perfeitamente bons cozinhando-os da maneira errada e sem preocupação alguma com temperos. Pois se em algum lugar tivessem me servido arroz frito à moda do Sudeste Asiático, eu talvez ainda fosse vegetariano.
O princípio básico é abusar do gengibre, pimenta, cebola, pimentão, molho de soja e nam pla para formar a base de sabor sobre a qual se acrescentarão outros legumes, cogumelos, carnes ou tofu. Pode-se usar arroz branco ou arroz integral. No caso dessa receita, usei arroz integral cateto, de grão mais curto. Quanto ao shoyu, tenho usado uma marca importada chamada Pearl River Bridge, muito boa. Também usei um pouco de cúrcuma fresca, apenas para ver no que dava, mas fora o tom amarelado, não melhorou muito o prato. Completamente dispensável.
ARROZ FRITO COM TOFU
Corte a cebola e o pimentão em tiras largas, a cenoura à juliana ou em rodelas. Pique o gengibre e a pimenta bem miúdo. Aqueça o óleo em um wok ou panela grande e comece a refogar o gengibre e a pimenta, depois a cebola e o pimentão, finalmente a cenoura. Dê uns dois ou três minutos em fogo alto e acrescente o broto de feijão e o tofu. Se quiser, pode usar cogumelos paris no lugar do tofu.
Mexa e remexa, então derrame duas colheres de sopa de nam pla e quatro colheres de sopa de molho de soja na panela. O nam pla vai gerar um aroma, digamos, esteticamente desafiador, mas pode confiar, que fica bom.
Abaixe o fogo e deixe o conteúdo da panela apurar por um ou dois minutos. Depois acrescente o arroz cozido e refogue-o, mexendo sempre antes do ponto em que começaria a queimar - uma dica é esperar algum estalo e então mexer. Muito cuidado, porque o arroz queimado transmite o sabor para todo o conteúdo da panela, mesmo que seja apenas meia dúzia de grãos.
Sirva com cebolinha ou coentro picado, molho de soja, fatias de limão e molho de pimenta forte. A melhor bebida para acompanhar é cerveja. Esse prato também pode ser feito com qualquer tipo de carne, mas nesse caso ela deve ser acrescentada em tiras finas junto com a cebola, e não no final do cozimento.
Marcelo Träsel | 24.06.2008, 10:17 | Comentários (8)
O Wendy's está vindo para o Brasil
Não é fast food, é Wendy's. Ou será, pelo menos.
[Obrigado, Bruno]
Más notícias para quem come banana...
... no NYT. As notícias estão no NYT, não os comedores de banana. Suponho que pessoas comam banana no NYT, mas as notícias não atingem apenas eles.
Cisco | 22.06.2008, 22:52 | Comentários (2)
Dica de vinho para o inverno
Não entendo nada de vinhos. A sofisticação de minha análise não passa do gosto/não gosto e de identificar muita acidez ou excesso de álcool no sabor da bebida. Ainda assim, de vez em quando um vinho me faz exclamar "Homessa! Aqui tens um material de qualidade para a libação a Dionísio!". É o caso dos produtos da vinícola uruguaia H. Stagnari. Recomendo fortemente a variedade tannat, pela qual a Banda Oriental é famosa. A garrafa custa uns onze dólares em Rivera. Encomende a seu contrabandista de confiança. No Mercado Público de Porto Alegre os vinhos da H. Stagnari também estão disponíveis, por entre R$ 20 e R$ 30.
Marcelo Träsel | 17.06.2008, 10:30 | Comentários (8)
Risoto de cogumelos porcini
Volta e meia perguntam qual é meu prato preferido. Nunca sei bem o que responder, mas acho que são os risotos. Gosto tanto de comê-los quanto de prepará-los. Uma receita clássica que nunca tinha tentado é o risoto de cogumelos porcini, então resolvi fazê-lo no Dia dos Namorados.
Antes de mais nada, não se assuste quando chegar ao Mercado Público de sua cidade e pedir porcini. Aqui em Porto Alegre o quilo custa R$ 300, mas na verdade eles são muito leves e se usa pouco, cerca de 30g por risoto. Se puder escolher, prefira aqueles com cor tendendo para o creme e os menores, deixando de lado os muito escuros e grandes. As dicas e a receita são de Marcella Hazan.
Trata-se de um risoto extremamente simples, porque o objetivo é fazer o sabor dos funghi predominar. Nem mesmo se cozinha o arroz em vinho branco, como é normal. Portanto, evite usar muita cebola ou queijo parmesão de má qualidade, que dá um gosto rançoso.
RISOTO DE FUNGHI PORCINI
Ao menos meia hora antes de começar tudo, deposite os porcini secos em uma tigela grande e encha com água fria. De vez em quando faça marolas com a mão, para eles soltarem qualquer grão de terra indesejável. É importante que a tigela seja grande, para que as partículas se depositem no fundo. A água vai ficar bem escura. Não a jogue fora.
Se tiver caldo de carne ou legumes caseiro, vai precisar de mais ou menos dois litros. Caso contrário, use apenas um cubo de caldo para dois litros de água. Deixe o líquido próximo do ponto de fervura durante todo o cozimento do arroz.
Pique bem picado uma cebola extremamente pequena. Aqueça o óleo numa panela e derreta metade da manteiga. Assim que a espuma baixar, refogue a cebola por alguns segundos, até ficar transparente. Junte o arroz, mexa algumas vezes e então despeje uma concha de caldo. A partir desse ponto você não poderá se afastar mais da panela. Assim que a água evaporar, acrescente outra concha de caldo, e assim por diante, durante dez minutos.
Após dez minutos, junte ao risoto os cogumelos e uma concha da água em que eles estavam. Continue cozinhando até o arroz ficar mastigável, porém firme. Uma dica é observar como o risoto se comporta quando você passa a colher no fundo da panela. Se ele escorrer vagarosamente para cobrir o fundo, está no ponto que os italianos chamam all'onda. Caso falte caldo, use a água dos cogumelos para completar o cozimento. Aproveite para testar o sal.
Assim que terminar, acrescente ao risoto a pimenta do reino, a manteiga restante e o queijo parmesão. Misture duas ou três vezes e sirva imediatamente, com mais parmesão e pimenta para acompanhar.
Marcelo Träsel | 16.06.2008, 12:36 | Comentários (5)
Sopa instantânea caseira
Este inverno está servindo para me viciar em sopa de missô. Graças à minha mulher, que insistiu para comprarmos massa de soja numa viagem ao supermercado algumas semanas atrás, tenho algo quente e leve para tomar quando chego do trabalho no meio da noite. O missoshiro exige apenas água fervente, uma colher de sopa de missô e cebolinha verde.
Se quiser elaborar um pouco mais, sugiro comprar broto de feijão e tofu. Corte o "queijo de soja" em cubos, pique a cebolinha e disponha ambos junto com um punhado de brotos no fundo de uma tigela. Por cima, uma colher de sopa de missô. Derrame a água fervente sobre os ingredientes e vá mexendo até a massa de soja se dissolver completamente. Deixe descansar por alguns minutos, durante os quais o broto de feijão ficará ligeiramente cozido, mas mantendo a crocância. Só tome cuidado, porque os fios de broto espalham sopa para tudo quanto é lado ao serem retirados da tigela numa colher.