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LITERATURA POP

Há muito e muito tempo existe uma enorme seita de imbecis que opõem sensualidade a inteligência. É um círculo vicioso: privam-se de volúpia para exaltar suas capacidades intelectuais, o que tem como conseqüência empobrecê-los. Tornam-se cada vez mais estúpidos, o que parece fortalecer sua convicção de que são brilhantes - pois a melhor coisa para se julgar inteligente continua sendo a estupidez.

O deleite torna humilde e admirativo em relação ao que o possibilitou, o prazer desperta o espírito e o instiga tanto à virtuosidade quanto à profundidade. É uma mágica tão poderosa que à falta de volúpia a própria idéia de volúpia é suficiente. A partir do momento em que existe este conceito, o ser está salvo. Mas a frigidez triunfante condena-se à celebração de seu próprio vazio.

É possível encontrar nos salões pessoas que se vangloriam, alto e bom som, de se estarem privando desta ou daquela delícia há vinte e cinco anos. Existem também magníficos idiotas que acham o máximo nunca ouvir música, nunca abrir um livro ou nunca ir ao cinema. Há também aqueles que esperam causar admiração com sua castidade absoluta. Mas é mesmo o caso de se orgulharem: será a única satisfação que terão na vida.

(IN: NOTHOMB, Amélie. A Metafísica dos Tubos, Rio de Janeiro, Record) em uma primorosa tradução que não foi creditada (!).

Leia, releia, reflita. E tenha um bom Natal.

24/12/2004 18:28    | Comentários (6) | TrackBack (0)

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