A queima de fogos deste ano foi broxa, cheia de fumaça. A explicação:

O próprio argentino Gastón Gallo, dono da Júpiter, empresa responsável pelos fogos deste ano, nega:

A Fogos Júpiter foi fundada há quase 50 anos pelo pai de Gallo. Entre os eventos de destaque promovidos pela empresa está a cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003. A empresa venceu a licitação realizada em junho pela prefeitura e derrotou, entre outras concorrentes, a empresa do gaúcho André Lanza que, comandava o show pirotécnico desde que os fogos passaram a ser queimados em balsas.

Íntegra da matéria:

Prefeitura começa a investigar problemas na queima de fogos

O Globo

RIO - Começa nesta segunda-feira, com uma reunião entre o secretário municipal de Turismo, Rubem Medina, e seus assessores. No domingo, o prefeito Cesar Maia, disse que a única hipótese plausível para o fiasco é que parte dos fogos teria sido molhada nas balsas. O prefeito, no entanto, evitou opinar sobre a responsabilidade da empresa Júpiter Fogos Artificiais, que fez o espetáculo pirotécnico, numa eventual falha no acondicionamento dos fogos, e disse que a auditoria confirmará ou não a tese.

Para os fogueteiros, a nova hipótese não explica por que que Copacabana foi coberta por fumaça logo após o início do espetáculo. Kina Vicente, da Dom Berg Show Pirotécnico, que realizou o espetáculo no Flamengo e em Niterói, garante que, se os fogos tivessem molhados, sequer acenderiam. O presidente da Federação Nacional de Pirotecnia, André Lanza, que fez o réveillon do Rio em 2002 e 2003, também não acredita na nova explicação.

O próprio argentino Gastón Gallo, dono da Júpiter, empresa responsável pelos fogos deste ano, nega:

- Não molhou nada. Nem no embarque, nem no caminho. Isso eu garanto - disse Gallo ao jornal "O Globo".

No sábado, o prefeito ameaçou suspender o pagamento à empresa, caso fique confirmado o erro:

- Se houve um fenômeno climático, ninguém pode controlar. Mas, se for alguma questão em relação à condição técnica dos fogos, a fatura não será paga - disse.

A Fogos Júpiter foi fundada há quase 50 anos pelo pai de Gallo. Entre os eventos de destaque promovidos pela empresa está a cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003. A empresa venceu a licitação realizada em junho pela prefeitura e derrotou, entre outras concorrentes, a empresa do gaúcho André Lanza que, comandava o show pirotécnico desde que os fogos passaram a ser queimados em balsas.

Gallo atribuiu o excesso de fumaça ao fato da pressão atmosférica estar muito alta. Segundo ele, nessas condições, não há como não produzir fumaça. Ele admitiu que pode ter errado por não dispor de dados que indicassem o problema com a pressão atmosférica, mas argumentou que não havia como adiar a queima de fogos. Gastón reconheceu também que o grande número de bombas (106 mil) contribuiu para aumentar a quantidade de fumaça.

O Instituto Nacional de Meteorologia, no entanto, informou que as condições atmosféricas registradas por volta da meia-noite do dia 31 eram consideradas normais para esta época do ano. O diagrama do Inmet registrou pressão de 1.012 milibares e umidade relativa do ar de 57%. A temperatura máxima registrada foi de 33,4 graus e a mínima, de 25,5 graus.

Procurado pelo jornal "O Globo", o professor de meteorologia da UFRJ, Luiz Maia, explicou que a fumaça foi resultado, em grande parte, de um fenômeno atmosférico atípico para esta época do ano. A "camada de mistura", espécie de tampão que se forma na atmosfera, estava excessivamente baixa no litoral para uma noite de verão, e acabou dificultando a dissipação da fumaça dos fogos.

Apesar disso, Maia, também especialista em poluição do ar disse que a densa camada de fumaça não deve ser creditada apenas ao fenômeno atmosférico. Ele acha que os fogueteiros deveriam ter explodido as primeiras bombas numa altura acima da camada, a cerca de 200 metros do nível do mar.