Vi finalmente o Entreatos. Chama atenção quatro coisas:

1) O Lula é evidentemente um deslumbrado. Na presidência ele demonstra tanto quanto no filme. É um cara simpático, fácil de gostar. Mas não serve pra presidente. Nem pra líder popular, desde que assumiu seu pragmatismo ("não posso esperar 30 anos para reorganizar a sociedade porque não vou viver 30 anos e quero chegar no poder." Sim, ele diz isso). Mas ele se presta muito bem para a farsa. E, como diz um motoboy no filme, era a única coisa em que ainda dava pra acreditar. Ele foi a última esperança de alguma coisa dar certo neste país e agora nada mais é capaz de produzir esperança.

2) José Dirceu é um evidente canalha. Ele fica tramando as coisas o tempo todo, quando não percebe a câmera. Ao vê-la, pára tudo e fica olhando pra lente com seu sorrisinho canalha.

3) Lula não tá nem aí pra nada. Fica batucando na mesa, cantando bobagens, falando merda pra ser filmada. Parece muito familiar, lembro da minha época de "atuação parlamentar", não que eu fizesse coisas de muita importância para o meu deputado. Mas a alienação era exatamente a mesma.

4) Quando saiu o filme a Zero Hora colocou nota se gabando que Lula pedia "um Zero Hora" para a assessoria. Mas não disse que ele fez isso ao longo da viagem de São Paulo a Porto Alegre, onde daria um comício. Zero Hora deixou que se pensasse que era pelo enorme prestígio que o jornal tem que a solicitação fora feita. Tampouco citou o exemplar de "O Sul", que aparece em quadro. Agora digam, existe coisa mais óbvia que um candidato a presidente se interessar em ler o maior jornal de um lugar que está prestes a visitar?

Dá um flashback de final de 2002. Bah, iríamos ter presidente operário, ia ser massa. Mas tu lembra de toda a merda que aconteceu e ainda vai acontecer. É exatamente igual a sempre. Não é massa.