SOCORRO
Começou com uma simples troca de e-mails. Ela estava na mesma oficina, era pequena, gata, descendente teutônica e maluca: formaria-se psiquiatra em breve, naquele ano de 98.
Combinamos tudo em trocas frenéticas de e-mail. Saímos, aconteceu menos do que eu gostaria que acontecesse, mas foi depositada ali a semente de um vício. Desde esta troca de e-mails, na qual eu conectava obsessivamente para receber suas respostas, me tornei um completo dependente.
De aplicações mais fortes eu consegui me safar. O mIRC foi experimentado e logo em seguida larguei, com susto. Era muito forte para mim. Mas as listas de discussão e em breve um e-zine iriam cada vez mais sacramentar uma relação de total subserviência. Eu sou um escravo da internet. Mesmo nos empregos trabalhava mais para o webmail, Orkut, listas e blogs que para os patrões.
Nos 47 dias que passei nos EUA é que consegui ter uma dimensão do estrago que a internet me faz. Quando não conseguia de graça, acessando pelo Lap Top do Cassio na Kinko's, era capaz de gastar 2, 3, até 5 dólares de uma vez para satisfazer minha compulsão por e-mails, comments e afins. Fez frente a outro vício. Na visita de volta a Porto Alegre era a mesma coisa, sempre queria mais e mais e não importava que importunasse os amigos: nunca tinha o suficiente em tempo de acesso.
Agora, com banda larga, tenho à minha disposição toda internet que eu posso consumir. Mas ainda não é suficiente. Fico horas, bunda achatada, bexiga estourando, e não basta. Desligo o computador, religo o computador, baixo música, foto pornô, sites pornô, provoco pessoas, comento blogs, respondo e-mails de listas, xingo, sou xingado - tudo uma desculpa para passar cada vez mais tempo online. Mas nunca é suficiente. Meus amigos me abandonaram, os parentes não confiam mais em mim. Estou viciado. Reconheço pela primeira vez isso e peço humildemente ajuda. Estarei no MSN por toda a eternidade.
30/03/2005 21:10 | Comentários (11) | TrackBack (0)