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COPACABANA, TRÊS DA MANHÃ

Terça é um dia de folga. Segunda-feira, uma boa noite pra esquecer.

A Prado Júnior nas primeiras duas horas de terça ainda se movimenta. Ou fica parada, esperando, como as putas. Num descuido chego a sentir pena dos turistas estrangeiros vestidos a rigor, como para uma 'noite' - camisas sociais, sapatos e calça. Eles acham que estão 'na balada'. Eu tomo meu chope a dois pilas no Crack dos Galetos, sentindo cheiro de azeite-ranço. Decadência agradável para quem tem a curiosidade da miséria, a nostalgia de uma condição que não viveu. Azulejos soltos, rádio de pilha tocando sertanejo, uma puta passa e faz o seu melhor tiro sensual com os olhos.

Uma sua colega entra apressada e estende dólares ao caixa. Como em prévio acordo, o caixa saca a calculadora, espanca a máquina com os dedos e agilmente retorna o que cabe em reais à profissional. Menos pressa, ela guarda o rendimento na bolsa e entra no táxi que espera na porta, metade em cima da calçada. Melhor amigo da puta carioca, o táxi. Dentro, há outra moça, acendendo um cigarro. Encaro até perceber o interesse pelo meu cabelo louro - sinônimo, errôneo no meu caso, de mais alguns dólares.

O chope alimenta fantasias. Copacabana-Malecón? Eles viveram sua ilusão, nós nos alimentamos permanentemente da nossa. Certo é que as putas e bactérias do ambiente Prado Júnior são rigorosamente as mesmas aqui e em Cuba. Onde viverão melhor os microorganismos do sexo fácil e da doença? Eu estou no Rio e já não tenho mais escolha, como elas. Nem mesmo a pretensão de acreditar mais em qualquer forma de superioridade.

12/04/2005 03:37    | Comentários (0) | TrackBack (0)

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