TENSÃO RACIAL EM FACULDADE NA ZONA SUL
Na manhã de hoje, o Professor de Ciência Política e Teoria Geral do Estado Guilherme Diefenthaeler, gaúcho, dava sua aula semanal quando foi interrompido por uma pergunta do estudante Zé Luis (a identidade do aluno é preservada em pseudônimo porque a reportagem não conseguiu apurar a verdadeira). O estudante indiano, que é doutorado em Ciência Política (e ninguém sabe por que diabos não eliminou esta cadeira), queria saber por que, em casos de desaparecimento de testemunhas, os processos contra o Estado, como chacinas, prescrevem.
O professor não forjou segurança no assunto, não chutou, apenas interrompeu a seqüência da pergunta, que já estava tomando mais de minutos de sua aula (acima publicamos apenas um resumo), e usou a metáfora do médico que é interpelado na rua por um paciente para explicar que não era o momento para aquela questão, que pouco ou nada tinha com o assunto da aula. O indiano insistiu. O professor voltou a interromper e seguiu a aula, olhando para outro lado da sala e dando seqüência a seu raciocínio. Mais uma vez é interrompido, ao que levanta a voz e pede que ele se cale.
Foi então que Zé Luis, um rapaz pardo como o indiano comum, usuário de uma longa trança, levantou e disse que se retiraria da sala. O professor Guilherme afirmou que ele tem liberdade para ir e vir quantas vezes queira, mas sem tumultuar. E perguntou à turma se alguém sabia o que estava acontecendo. O indiano, bufando, disse que ninguém sabia o que estava acontecendo porque o "idiota", ali, era ele. O professor riu. Foi então que o momento máximo de tensão sobreveio:
- Deixe-me perguntar uma coisa ao senhor, o senhor é RACISTA?
Um estudante louro e pouco bronzeado riu desbragadamente no fundo da sala. Todo o resto permaneceu em silêncio tenso. O professor Diefenthaeler não respondeu, apenas ordenou:
- O senhor se retire da sala AGORA!
A opinião do indiano mudou. Disse que agora ele que o obrigasse a se retirar da sala. Ameaçou ir na coordenação do curso e no Ministério Público Federal. Uma aluna rompeu o silêncio da turma e disse que queria assistir aula, não barraco. Uma discussão breve sobre mensalidades e qual valia mais, se a de uma pessoa ou da turma inteira, acontecia quando o indiano finalmemte se retirou, na companhia de um bedel. O constrangimento era insuportável. Quinze minutos depois, a aula seguiu seu rumo até o intervalo.
Após o intervalo, quem irrompe na sala novamente é o aluno Zé Luis. Como um cão mestiço, pede desculpas pelo constrangimento à turma e ao professor. É convidado a sentar-se, mas alega mal-estar e se vai pela porta.
13/04/2005 15:34 | Comentários (10) | TrackBack (0)