O jornalismo brasileiro tem muitos lamentáveis equívocos e as colunas talvez sejam uma das poucas partes de destaque. Quando no mínimo, divertem. A Folha de São Paulo ocupa o trono do jornalismo junto com seu irmão Estado, que tenta vencer pela quantidade de conteúdo, seguidos de perto pel'O Globo. Mas justamente a Folha tem a mais constrangedora coluna do País.

É a peça de ficção baseada em notícia publicada toda segunda-feira por Moacyr Scliar. Minha opinião é suspeita, já que não simpatizo nem de longe com o escritor, para mim um dos mais insípidos e oportunistas na já tradicionalmente oportunista turma dos escritores judeus que se aproveitam da auto-centrada cultura hebraica e das velhinhas do Bom Fim que coram de felicidade toda vez que lêem referências em termos iídiches nos romances. Esta coluna da Folha é uma constrangedora sugestão da necessidade de atrelamento da literatura com temas pontuais - um grave erro, naturalmente. Pela produção de um textinho ficcional baseado em notícia, há um reforço do tema da matéria pela ilustração, um insulto ao trabalho ficcional. Vou abandonar a lógica porque fracasso na tentativa de provar em fundamentos o quanto me desagrada aquela coluna. Digo apenas que a Folha perde um pouco o brilho toda segunda. Concordem ou não, para mim este pitaco é um dogma.