O LIMBO DOS DADOS ESQUECIDOS E OS ENCONTROS INDESEJADOS
Rua da Praia, cerca de 14h, me aborda uma mulher de seus 35, 40 anos. Procuro ser simpático e não aparentar nenhum pavor por não ter nenhuma ocorrência precisa para aquela feição, embora ela parecesse familiar.
- OI, GERMANO, sou a RITA, amiãga do RAFA.
- Ahn, oi.
- Mas eu achava que tu morava no RIIO!
- Eu MORO, vamos sair do meio da rua.
- Vamos. Mas então, que tu tá fazendo aqui???
- Estou me abastecendo de um pouco da melancolia outonal portoalegrense.
(sem entender a ironia) - Aaaaah! PORTO ALÉAGRE é DIMAAAIS mesmo, néa?
- Com certeza.
- E tuã, que tu tá fazendoa? (sem esperar a resposta) O Rafa largou a secretariaaa e agora tá... (não ouvi tentando imaginar que Rafa, que secretaria).
- Mas então tááá, eu vou ali no Mcdoanaldis comer um lanchinho que tenho que vuaaaar.
(em silêncio) - Que Rafa, meu Deus do céu? Quem será esta mulher?
Ela sumiu na loja enquanto eu caminhava contra o fluxo de gente, aliviado mas angustiado para descobrir quem seriam estas pessoas e que relevância teriam na minha vida para ter a necessidade de me abordar na rua. Não foi o único encontro casual do dia e nem da viagem. Pode facilmente ser interpretado como frescura, mas acho que foi dessas coisas decisivas que me empurraram para uma cidade nova e maior estes encontros não escolhidos, não desejados ou provocados, simplesmente atirados na tua cara sem chance de defesa que não o grosseiro baixar de cabeça para ignorar a pessoa.
Hora de voltar.
24/05/2005 15:00 | Comentários (15) | TrackBack (0)