NOTAS DO EXÍLIO # 35635/05
Telefone.
- Alô.
- Boa tarde. Como vai. Pois não. É da residência do Sr. Quintiliano?
- Sim.
- Poderia me fazer a gentileza...
- Perae, vou ver se ele tá.
- Muito...
(30 segundos)
- Ele não tá.
- Ah, sim. Aqui é o Dr. Claus, eu sou dentista, como vai? É o filho dele que está falando?
- Sim.
- Pois eu logo vi. Você é gaúcho, pois não? Este estilo de falar é igual ao do papai...
- Sim, criado em Porto Alegre.
- Pois poderia falar para ele que o Dr. Claus ligou?
- Certamente. Té logo.
- Até mais, foi um prazer, até...
(desligo)
Moral da história: para entender a mentalidade carioca e - sim, não adianta negar - a BRASILEIRA, tem que sacar que, mais valorizada que a objetividade e a competência, é colocada no topo da prioridade a SIMPATIA.
* * *
Fiz hoje um exame de sangue. Primeira vez que dou meu sangue para outro laboratório que não o Knijinik (espero ter acertado o nome deste judeu sortudo que fundou o laboratório). Medo. O nome do laboratório é "análises clínicas DR. BELIZÁRIO". O simples fato de caminhar por uma calçada da Av. Copacabana para ir tirar sangue já é um fator de apreensão, mas entrar na galeria IMUNDA onde fica o tal laboratório faz tudo parecer muito errado. De qualquer forma entro com meu frasquinho de mijo matinal para terminar com tudo logo. A burocracia com as requisições e carteirinha e comprovantes toma 20 minutos. Nos outros dez, uma enfermeira negra me mostra a seringa (descartável, tá?) e enfia a agulha para tirar uma por uma cinco ampolas. Cada ampola faz um vácuo ao sair, vácuo este que chupa a veia de encontro à agulha, provocando uma dor fina cada vez mais forte. Um roxão no braço e o prazo para retirada dos exames: 9 dias. Não me lembro de ter esperado mais que 3 por um exame de sangue.
* * *
Na volta da faculdade vi um mendigo tomando água com a mão direto de uma sarjeta. Na ida, um mendigo trocar de calça abertamente na rua. Não usava qualquer roupa de baixo.
* * *
Deixei em branco uma questão sobre categorias de delito penal por omissão. Desta vez é sério: nunca mais.
15/06/2005 18:25 | Comentários (14) | TrackBack (0)