AMOR BANDIDO (25 ANOS)
Foi aqui mesmo que eu disse: está encerrado qualquer ensaio de fanatismo, qualquer ato de loucura pelo Inter.
Se alguém acreditou, fui eu quem mais queria acreditar nesta lorota.
Não adianta. Mais que o brasileiro, o colorado não desiste nunca. Era esta a manifestação de cada fim de semana, cada fracasso esquecido antes do próximo jogo. Era a década de 90, minha juventude frustrada. A irritação de pegar o ônibus com o resultado martelando. Finalizações ineptas, plantéis sem raça, atacantes trambiqueiros, pernas de pau sem alma. Entra time sai time e o clube, a Instituição Sport Club Internacional é sinônimo de 'quase'. Quase se classifica, quase é campeão de alguma coisa que preste, quase vai.
Hoje foi mais um quase. Fui ao Parque Antarctica. Comprei de cambista ingresso promocional da Nestlé (não foi barato). Fui bem munido de cigarros. E acendi um no outro enquanto via mais um quase. Fernandão - quase um atacante; Gavilán, quase um zagueiro (puxar a camisa do adversário na pequena área é realmente uma coisa bem esperta); Clemer - quase um goleiro, sem sair em uma única bola. E finalmente o juiz, errando em todos os lances que geraram gols do Palmeiras. Menos no pênalti. Quase um palmeirense. Como quase era aquela torcida, incapaz de encher a caixinha de fósforos do Parque Antarctica num sábado de sol com ingresso de graça. A empáfia burra de só incentivar o time quando há uma chance ofensiva é a coisa que mais me irrita no futebol brasileiro, mais que todo o resto.
Gostei da experiência, mesmo assim. Gostei de gritar gol duas vezes. E ver o time dominar. Ao mesmo tempo que é triste o quase, o nem pensar seria muito mais. Acho. Perder pra si mesmo será melhor ou pior? Foi engraçado também ver colorados falando um impecável paulistês.
Acho que o meu cansaço com fracassos do Inter está no mesmo nível que o de ver denúncias estourando sem parar desde junho neste governo que ajudei a eleger. Quero que acabe logo, só. Foi um orgasmo contido bem mais triste, este.
Ao contrário da minha paixão pelo Inter, que vai até o infarto fulminante, a crença na política nunca mais. Nunca mais.
13/08/2005 19:25 | Comentários (12) | TrackBack (0)