ADOLESCÊNCIA
Também tenho minha imagem bonita de hoje. Uma menina, aparentando segundo grau em curso, chega ao restaurante. Olha em volta, não vê mamãe. Faz uma cara de "que saco", aquela que as adolescentes fazem quando não encontram aquela bolsa própria pra levar o celular e outros apetrechos pras festinhas. Ela abre a mochila, tira o celular. Com o aparelho no ouvido, procura enxergar alguém olhando a entrada do restaurante. Resignada e absolutamente constrangida pelo que ela considera o vexame: ter que ficar ali esperando, guardando uma mesa.
Um tempo transcorre sem que ela faça nada além de olhar para o buffet de quando em quando, mão no queixo, para a entrada, um suspiro, um sorriso para alguma garçonete conhecida. Estranho que ela conheça garçonetes tanto quanto eu, deve freqüentar o restaurante e nunca havia reparado nela. Finalmente, chega a mãe. Uma sua versão com ventre proeminente, óculos, cabelo ruim e camiseta de quem visitou New York ou foi presenteado por alguém que visitou. A mãe a beija, sorridente. Ela perdoa a mãe pela espera, ainda magoada, mas prontamente docificada pela troca de carinhos.
Cruzo os talheres. Desisto de terminar o prato.
26/08/2005 13:36 | Comentários (0) | TrackBack (0)