NO SE VÁ, EL PUEBLO NO SE VÁ
Assistir ao Farenheit 9/11 argentino comprova aquela série de obviedades: país hermano, com mazelas absolutamente idênticas, governantes igualmente ignóbeis com seus odiosos elefantes brancos, entreguismo e traição eleitoral, inerente ao processo político. A diferença entre eles lá é que vão pras ruas e apedrejam carros da polícia quando não têm o que comer, enquanto que aqui os indigentes se limitam a pegar um papelão e cozinhar em água de sarjeta para matar a fome. Mas aconteceu que lá subitamente a classe média se viu na miséria, o que aqui também acontece, mas é um processo muito a conta-gotas para que se perceba e provoque a insurreição popular. Que não daria em nada, como lá também não deu, ao contrário do que diz aquele Michael Moore porteño.
No mais, me escandalizaram os pontos comuns nos processos de privatização platino e no nosso (com o agravante de que lá eles venderam a YPF, enquanto nós mantivemos a Petrobras). No fundo, a América Latina é toda uma grande periferia do mundo civilizado com poucas ou nenhumas nuances. E o Brasil, o mais rico de todos, naturalmente teria que ter o povo mais acomodado e covarde. Só necessidade urgente provoca valentia, a bravura é uma reação fisiológica. Sempre tivemos demais para nos importar com os saques que nos impõem desde sempre e que já viraram parte da paisagem.
05/10/2005 17:08 | Comentários (0) | TrackBack (0)