O GRANDE DESPERDÍCIO
Ontem, terminado o jogo, decidi dar aquela caminhada tantas vezes adiada pela cidade, mais precisamente em busca de campos e mato. Encontrei os horizontes com as belíssimas colinas e aquele azul, que parece brotar direto das folhas de diferentes tonalidades de verde. Eram 18h30min e o vapor que subia das pedras era o mesmo de meio dia - um fenômeno que só vi igual por aqui.
Passei por casas, cumprimentei pessoas. Senti asco, simpatia e um indizível misto entre estas duas coisas. Saber das limitações, das belezas das limitações desta vida e tentar encontrar o elo que poderia me ligar a esta vida e me fazer esquecer todas as tentações do que existe dentro da fumaça. Caminhei, caminhei, caminhei.
Chegando num ponto em que havia a vertiginosa descida para o Centro de Lajeado passou por mim um Ômega com um cara loiro, loiro como eu mas com uma agressividade adiposa e uma bandeira berrando um título no qual fazia um grande esforço para acreditar. Eu não acreditei. Pouco mais adiante havia outros seus iguais buzinando, buzinando, provocando para a briga outros vestidos de azul também gritando, gritando e buzinando tanto que faziam cada minuto parecer a provação de quem está sofrendo um choque elétrico. E havia fumaça, também.
Nunca pensei que reagiria com a mesma irritação ao buzinaço dos simpatizantes do meu time. Não teve mais legitimidade que o outro, de uma semana atrás. Nem o vermelho conferiu mais beleza. Era só um bando de imbecis buzinando, e imagino que em São Paulo não teria reação diferente. Manifestações de massa só fazem sentido quando tu também realizou todo o esforço da estupidificação. Com juventude líquida, com colarinho ou straight e sem gelo. E parece uma tamanha perda de tempo até isso que não consigo ver mais sentido além de deitar a cabeça no travesseiro e morrer, economizando todos os recursos para que outros desperdicem.
05/12/2005 23:18 | Comentários (0) | TrackBack (0)