CALÇO HAVAIANAS. MARCA: ADIDAS
Desde um almoço de casamento que eu noto a tendência da elite paulistana: ser brazuca, mas não ser pobre. Eles consomem rigorosamente as mesmas coisas, só que perfumadas por frescurinhas e preços altos. Naturalmente que sem nenhuma consciência do ridículo que isto representa. Ainda assim considero mais apropriado que tentar absorver valores europeus, tentar ser requintado quando a temperatura é de 30°. Nada mais ridículo que querer e tentar ser sofisticado no Brasil. A vocação de nosso país, de toda a nossa dita cultura, é de ser chinelona. Não há berço esplêndido, há uma manjedoura. O pé de todos nós está coalhado de barro. Por isso que eu dou risada com a tendência de pagar fortuna por produtos popularescos. As boates vendem funk ao vivo por R$ 45, os bares oferecem jabá por preços semelhantes. E tu olha fotos e não percebe nenhuma diferença fundamental entre estas jovens com R$ 500 paus no bolso pra torrar numa noite e as que têm isso pra passar dois meses na favela. A cara delas é igual, a vulgaridade nos trejeitos é igual e a vontade de levar atrás também é a mesma. Talvez as faveladas realmente creiam em Jesus Cristo. Talvez.
Quem não tem nada a ver com isso, lucra pra caralho e dá risada é o gênio criador. Mesmo envolvendo grana, o Império do Brasil tem a vulgaridade sempre estampada na bandeira. E acho bem mais honesto que as importadas raves assépticas.
02/02/2006 12:46 | Comentários (14) | TrackBack (0)