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SANGRIA SERRANA

Seja bem vindo. Já que você está aqui, já é um consumidor...
Consumidor de água, sabonete, toalha, papel...
Então, fique à vontade!
Não pare de consumir...
Quem sabe um café? Ou uma peça de artesanato?
Seu investimento traz benefícios a todos nós

Tinhamos recém saído da Via Dutra, pegando à esqiuerda na Floriano Pinheiro, que sobe a Serra em direção a Campos do Jordão. Estávamos a mais ou menos uns 40 km ainda da cidade serrana, mas já tínhamos uma amostra do que seria a constante da viagem: a sensação de estar o tempo todo sendo constrangido de todas as formas possíveis a gastar. A mensagem transcrita acima, de memória (grifos em negrito nossos), estava afixada no banheiro de uma parada de beira de estrada que chamava atenção por uma enorme xícara de café no telhado. Impossível não ficar no mínimo curioso. Apreciadores de café não tem como resistir. Mas, ao ver esta mensagem do cúmulo do acossamento - creio que uma taxa de uso do banheiro seria mais elegante -, só não deixei de tomar o tal espresso porque já estava lá para isso mesmo. O detalhe é que o café pequeno custava R$ 3, com a desculpa de ser 100% goma arábica. Evidentemente, pelo menos R$ 1 de taxa de uso do banheiro estava embutido no preço. Não perguntamos sobre o custo dos artesanatos. Seguimos adiante.

O pórtico de entrada de Campos do Jordão tinha mais ou menos umas 8 promoters distribuindo folhetos. Uma delas era de algum órgão público da prefeitura, e recomendava o cadastramento eletrônico para o uso da Zona Azul para estacionamento. O procedimento envolvia envio de mensagem pelo celular e uma cobrança de valor fabuloso na conta seguinte. Indaguei como seria possível que uma cidade no Interior tenha zona azul? Passando a Abernéssia, espécie de centro comercial para habitantes - que me deu a nítida e estranha sensação de estar em algum município catarinense - tudo se explicou: a partir do Capivari, o centro turístico, um caos urbano de dar inveja a qualquer Gramado em pleno festival de cinema. Não havia lugar para estacionar nas ruas, apesar da Zona Azul cobrada de forma eletrônica e moderníssima. Os muitos estacionamentos - todos com carros uns por cima dos outros - cobravam taxas mínimas de R$ 17 e seguintes a R$ 8. Um pouco mais para os lados residenciais, a Zona Azul continuava, mas os estacionamentos já baixavam de preço: bom sinal. Subindo mais um pouco, achamos lugares para estacionar gratuitamente na rua. Me pergunto que espécie de fator motivaria o pagamento arqui-exorbitante dos estacionamentos e zonas azuis e foi então que entendi: todos querem estacionar seus carros perto do footing para poder entrar neles o mais rápido possível e evitar o frio que bate à noite. Nada impressionante; uns 8° no máximo, mas a população paulista, mineira e fluminense do local deve achar o cúmulo da virilidade o simples fato de estar num lugar assim.

A superpopulação de carros também se reflete na superpopulação de humanos. Trajados com suas últimas aquisições em viagens a países de clima temperado, desfilam o estilo que devem acreditar ser a sofisticação aplicada. Impressiona a semelhança no modelo de exploração turística de Gramado e Canela tanto quanto a atitude de quem circula. As peles bronzeadas escondidas por gorros e luvas não deixam que a artificialidade se oculte.

Como dissemos anteriormente, tudo é fábula no que tange a economia de Campos do Jordão. os pratos chegam facilmente a R$ 30 e superam muito esta marca. Nos permitimos apenas alguns salgados pouco típicos em uma lanchonete árabe. Para utilizar os banheiros do parque de diversões era preciso passar pelo achaque de um rapaz pouco limpo uniformizado com farda do São Paulo. Aleguei falta de troco.

Conhecido o teleférico - que dá, este sim, uma sensação real de Europa no visual que revela - fomos à famosa cervejaria local. Foi tomado o cuidado de permanecer no balcão, no melhor estilo Dom João criado de si mesmo, para fugir dos 10%. Sábia escolha. Mesmo me valendo da estratégia de comprar uma caneca das de louça para pedir refil, gastei logo de saída R$ 10,80 (a de vidro era R$ 25,80). Já o refil era mais R$ 8,80 cada. Uma fortuna, percebe-se. Mesmo assim, foi uma grata supresa a qualidade da bebida: nas versões Weiss, Bitter e uma que não recordo o nome mas descrevo como de gosto predominantemente de café (não era bem Stout), posso classificar como o melhor chope de fabricação brasileira que já experimentei. De gosto, certamente rivaliza com os importador, mas perde num ponto que não parece ser mas é de fundamental importância: o efeito é de dar risada. Tivesse eu tomado quatro canecas de qualquer chope alemão e estaria me abraçando às pessoas, o que não era o caso.

Como para se vingar da fábula que acabara de gastar em bebida, Carol pediu um chocolate quente de R$ 9 numa badalada chocolateria local. Sem gosto de quase nada, na minha opinião.

E foi assim que conhecemos Campos do Jordão. Faz tempo que não vou a Gramado/Canela, nunca fui muito fã da Serra badaladinha, mas fiquei chocado com a exploração constante. Ainda preciso me acostumar ao capitalismo quendo aplicado de forma mais primitiva. As vantagens de se submeter a isso, no entanto, são óbvias. Voltaremos.

PS - - 'Um chops, dois pastel' e uma cura milagrosa - As dores estomacais que levaram o STF a se compadecer do ex-prefeito Paulo Maluf parecem coisa do passado. Ontem, ele saboreava pastel de carne e goles de cerveja em Campos do Jordão (SP). Satisfeito, deu R$ 20 para o guardador de carros. (pág. 1)

Com esta matéria na capa, o jornal O Globo de 2/11 escandalizou o país ao denunciar a pronta recuperação do ex-prefeito e símbolo máximo de São Paulo, Paulo Maluf. O estabelecimento no qual o político desfrutou de um pastel hoje tem emoldurada a capa desta edição na porta. Também mudou o nome para "Pastel do Maluf". Visão de marketing total.

16/07/2006 16:45    | Comentários (8) | TrackBack (0)

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