CONSIDERAÇÕES MEZZO RANZINZAS DE UM EX-TORCEDOR
Vou começar dizendo que, ao contrário da Libertadores, este título mundial me desceu muito bem. Pareceu bem mais justo, teve menos sustos, um jogo apenas é bem mais saudável porque seguro. Mas minha opinião sobre o time continua a mesma. Não tenho especial predileção por nenhum dos "heróis do título", muito menos por quem ergueu a taça. Fernandão não fez nada e quase colocou tudo a perder com aquele pézinho na entrada da área que só não derrubou o ídolo beiçolinha dentuça porque ele achou que era melhor continuar em direção ao gol.
As imagens de Perdigão jogando cerveja nos companheiros na churrascaria e do Clemer derrubando champanhe (provavelmente um bom) na nuca do Adriano reforçam minha completa ausência de carinho, simpatia ou gratidão. São jogadores de futebol, com a favela na alma, e desta vez justificaram seu alto salário fazendo o seu trabalho direito como há muito não se fazia no Inter. Apenas isso. Pra mim o nome do título é o do Presidente Fernando Carvalho, que entrega a administração para o Píffero e desde já pode deixar encomendada uma estátua no Parque Gigante. Me lembro de quando ele ainda fazia parte das correntes de oposição. Olhava aquele homem dando entrevista na TV e ele me passava uma impressão de competência. Ninguém podia imaginar que nos levaria à condição de igualdade com o rival, senão de superioridade, já que o Barcelona é um adversário muito mais forte do que foi o Hamburgo em 1983. E tudo se resolveu no tempo normal, higienicamente. Vitória limpinha como um jogo de seleções numa Copa.
Minha comemoração foi discreta. Não tive motivação de sair de casa para assistir o jogo na churrascaria onde ocorrem todas as ocasiões do consulado colorado em São Paulo. Vesti minha camiseta vermelha e fui para a Liberdade almoçar comida japonesa. No trânsito e na rua, cordiais saudações. As pessoas parecem mesmo simpatizar com exemplos de gente sem nada de especial que acaba vencendo. Ou é apenas porque o Internacional só começou a ganhar - ainda precisa incomodar mais pra despertar animosidade contra. Digo com sinceridade que preferia que algum dos dois vice-campeonatos brasileiros tivessem sido títulos do que esta costura tática aplicada no Barcelona. Mesmo com todos os prazeres do ineditismo, vejo o campeonato brasileiro de futebol como o mais importante título que um clube pode ter. E quero pela primeira vez ver ao vivo isto acontecer mais que qualquer um desses torneios de perfumaria.
17/12/2006 22:09 | Comentários (13)