PEDÁGIOS
A cobrança de pedágios nas principais rodovias brasileiras é uma ilustração das mais eloqüentes do quanto, cada vez mais, o poder público se declara incompetente para gerir o país. Sob alegação de limitação nos recursos, entregam para o apetite privado bens públicos construídos com a verba arrecadada no passado pelos contribuintes. É mais inteligente nem pensar muito no assunto para não adoecer de indignação, mas uma volta por aí dá uma medida do quanto é absurdo o que se cobra quando se tem em vista o que se recebe. E nota-se com clareza que são leis de mercado e não a necessidade de reparos na rodovia o que determina as tarifas.
Senão vejamos: no sentido RJ / SP da Dutra há cinco praças de pedágio. A primeira, em Paracambi, morde R$ 7,50. A segunda, pouco mais adiante, outros R$ 7,50. E ainda há o de Aparecida, que cobra cerca do mesmo (deste é possível fugir por Pindamonhangaba,não pagamos). Os dois restantes te arrancam as últimas moedas, levando R$ 3,60 e R$ 3,30.
Está claro que entre o Vale do Paraíba e São Paulo paga-se menos pedágio porque o fluxo de veículos é gigantescamente maior. E há diversas irregularidades nas pistas. Quer dizer, você paga para não ter uma estrada perfeita, paga (os tubos) para ter uma estrada mais ou menos.
Na Anhanguera a situação é ainda mais revoltante. Entre a capital do estado e Ribeirão Preto o valor gasto nos pedágios é o mesmo que com a gasolina. Cerca de R$ 50 para um veículo de passeio. A estrada é perfeita, mas isto não vai além da obrigação. Do Estado, diga-se de passagem.
Não vejo nada de errado em passar tudo que não for serviço básico do estado para a iniciativa privada, mas isto deve ser acompanhado de um aliviamento da carga tributária, o que não acontece jamais. Além disso, os serviços PRECISAM ser melhor acompanhados. Por mais óbvio que seja, isso tem que ser dito e repetido. Não é possível pagar 22 milhões em pedágio e não ter uma estrada mais do que ACEITÁVEL e que pára no primeiro acidente. E, quando é preciso um serviço de guincho, saber que ele se limita a te levar só do lugar onde tu parou até o primeiro posto.
Soube por uma amiga de minha mãe que, na França, com uma rodovia bloqueada por qualquer acidente, policiais rodoviários iam de carro em carro para distribuir água e dar informações sobre quanto tempo ficariam parados e pedindo, humildemente, calma. Na Dutra não houve qualquer espécie de cuidado quando ficamos mais de uma hora e meia parados, freio de mão puxados e motor desligado.
Não é possível que se continue dando dinheiro para esta entidade fantasma que não gere, não se responsabiliza, não administra. Só fica com teu dinheiro porque sim. E depois enfia rodízio de veículos, pista expressa pedageada, taxa extra por coleta de lixo. Desobediência civil é obrigação quando todas as autoridades têm caras de pau em seus postos.
03/01/2007 10:13 | Comentários (0)