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ZIRIGUIDUM E TELECOTECO: A HORA DE SER ALGUÉM

Tá aí um espetáculo triste, este do desfile das escolas de samba. Eu fico triste de olhar o quanto anima o povo pobre diabo aquele instante de celebridade deícola em se sair, suar, se arrebentar por uma escola. Muitas vezes até sair ferido. É triste e lamentável esta noção de que se é parte de um conjunto e ao mesmo tempo deve fruir daquele momento de celebração máxima de vaidade, de realização. Muitos economizam um ano inteiro para aquele instante. Muitos trabalham o ano inteiro, assalariados, para muitas vezes perder tudo num detalhe.

E como se leva a sério o brasileiro, no samba. É tão importante quanto a masculinidade a capacidade de fazer bonito na avenida, para o brasileiro padrão. Se empregasse em suas atividades produtivas o empenho e o perfeccionismo que tem para o samba, o brasileiro não seria brasileiro. Seria um chinês ou qualquer outro oriental. E estaria rico, como a maioria dos orientais, mesmo e principalmente fora de seus países de origem.

Nelson Rodrigues escreveu em uma de suas confissões que o brasileiro é o aniversariante vocacional. Desenvolvo: o brasileiro é o povo da ocasião festiva. Nada mais urgente, nada mais inadiável que um feriado. Nada mais sério que um feriado.

Um dia útil não é sinônimo de atividade no país mas uma data festiva, pode apostar, é um sinônimo de ociosidade. Ou pelo menos de um serviço porco sendo apresentado. Afinal de contas, é (escreva aqui a data festiva de sua preferência).

18/02/2007 12:41    | Comentários (8)

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