SOLTA O VERRRBO
Um pouco de preconceito bairrista, bobo e irresponsável, para lembrar os velhos tempos de COL.
É um choque diário a tranqüilidade com que pessoas oriundas de localidades rurais (e às vezes até bem urbanas) pronunciam o erre em português da forma como americanos fazem. Tenho uma contração cardíaca e quase desfaleço a cada vez em que acontece. E como acontece. É impossível simplesmente deixar passar. É uma aberração. E é uma aberração praticada por no mínimo metade da população do estado mais rico do país (entre muitos outros). Até no Rio Grande do Sul conheci muitos que orgulhosamente enfiavam a língua nos dentes para assassinar a letra erre. E haviam nascido no Passo D'Areia, de onde jamais saíram. Era pura e simplesmente um capricho falar errado.
Hoje fui a uma coletiva com uma das forças policiais mais respeitadas do Brasil e a autoridade que falava era um delegado de Marília. E dá-le a falar em protegerrr, apurararrr, investigarrr, reprimirrr.
- Doutor, o senhor não se envergonha de falar assim?
Esta era a única pergunta que me ocorria fazer. Ô, dotô. Fala direito, meu.
A mesma coisa acontece com outros sotaques. Não dá pra encarar com muita seriedade um sujeito explicando algum procedimento complexo em carioquês. "Ô, merrrmão, vá cuidarr di suash putash". Mas é ainda um sotaque que guarda certo senso de humor, certo charme. Nada, nenhuma facilidade de expressão, beleza estética, origem étnica, referência histórica justifica a pronúncia do erre generalizada no interior e capital de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e até algumas partes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ou estou errado? Por favor, me dêem alguma justificativa para o sofrimento diário de ver pessoas falando desta maneira lamentável.
03/10/2007 20:48 | Comentários (12)